
"I'm off to search new love with my chance I might find better..."
Fiz fantasias. No meu demente exercício para pisar no real, finjo que não fantasio. E fantasio, fantasio. Até o último momento esperei que você me chamasse pelo telefone. Que você fosse ao aeroporto. Casablanca, última cena.
Sim, afligia muito querer e não ter. Ou não querer e ter. Ou não querer e não ter. Ou querer e ter. Ou qualquer outra enfim dessas combinações entre os quereres e os teres de cada um, afligia tanto.
"O único motivo que ainda te escrevo, é justamente essa angústia de ter sempre algo a dizer, e por diversas vezes ter que ficar calada. Não por opção, e sim por obrigação. Creio que a monotonia tenha sido tamanha, a ponto de desmoronar tudo que construímos. Essa foi a verdade ou talvez só mais um eufemismo para algum defeito meu. Quero dizer que, estou em busca de uma aventura e talvez eu não tenha dado o tempo necessário pra você arrumar suas malas e se juntas a mim, mas isso não passa de uma metáfora, é óbvio.
Ah, eram tão mágicos aqueles tempos. Os nossos tempos. Era apenas aquilo, tua vida misturada a minha, tão natural, tão intenso. E você me olhava com os olhos atentos, fascinados. Eu, tão opaca.. Mas tudo vai passar meu caro, e só restará as lembranças boas, aquelas que lembraremos daqui a algum tempo e iremos rir.. Lembraremos como era fascinante o eu e o você, ter tornado um nós tão inexplicavelmente único.. E quando passar, vamos entender que todo amor excessivo requer um tempo de solidão. Um tempo pra crescer e aprender a deixar os receios de lado da maneira mais sutil possível.
Pois é, a triste verdade, é que as coisas foram se empoeirando, as luzes foram se ofuscando, e perdendo a luminosidade que tinha quando a acendemos, as cortinas foram se fechando antes mesmo de acabar o espetáculo.. E o que virá depois desse ciclo vicioso? Sobretudo, a necessidade.
Agora eu deixo o vento levar as magoas, as palavras perdidas, as desculpas não atendidas, os valores não dados, os apelos de paz não atendidos.. Deixo o vento levar junto com ele, toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa, e sopro pra eles irem longe de mim. Só não deixo que ele leve as memórias, porque fora a coisa mais fascinante que me resta. Portanto, depois de todo o processo, eu me levantei, me recompus, limpei o rosto, afastei a necessidade e segui em frente. Fiz isso, porque era a melhor coisa a se fazer, maybe."
Dá vontade de mandar meia dúzia de gente tomar no cu e correr pra casa chorando, se trancar no quarto pra tomar um toddy e jogar playstation até ficar vesga. Isso de escolher qual cara eu vou vestir hoje fode com tudo. Sempre. É, eu confesso que não é exatamente a realidade que eu esperava encontrar. Talvez isso mude. Talvez você entre na minha vida sem tocar a campainha e me sequestre de uma vez. Talvez você pule esses tres ou quatro muros que nos separam e segure a minha mão, assim, ofegante, pra nunca mais soltar. Talvez você ainda possa pular no rio e me salvar. Ou talvez eu só precise de férias, um porre e um novo amor. Porque no fundo eu sei que a realidade que eu sonhava afundou num copo de cachaça e virou utopia.
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''Porque meu vazio é imenso. Já imaginou só? Já imaginou quando algum amigo seu apontar e falar: quem é aquela louca ali, berrando no meio da festa e pegando um táxi? E você vai ter de voltar sem graça, e explicar: ela se irritou porque eu peguei a última água com gás sem perguntar se ela queria.''
Dentre todas as fogueiras que pulei, você foi a mais baixa e a mais traiçoeira.
"Há um ano que eu pareço um disco riscado, repetindo sempre a mesma coisa. Que eu gosto de você mas não gosto do seu esnobismo, gosto de você mas não gosto do seu jeito escorregadio, gosto de você mas não gosto da sua vaidade. Estou sempre falando as mesmas palavras, e a gente se desencontrando, se desentendendo, seja no silêncio ou na repetição (..) Eu acreditava que fosse amor, por isso passei um ano acendendo uma vela pra Deus e a outra pro diabo, querendo você perto (...)
Um ano pedindo pra você me deixar em paz e nas entrelinhas gritando: me ame, seu idiota! e você surdo, mudo, cego e burro, desperdiçando o que eu tenho de mais sagrado, de mais inteiro e mais honesto. Você sempre foi corvarde que eu sei. Covarde. Se continuar moleque vai morrer sozinho. "Outra apaixonada'', você deve estar pensando. Não negarei, sou mesmo apaixonada por você, mas menos, bem menos do que já fui.
Pobre de você, don juanito, que teve mulheres bacanas na mão, não só eu, mas eu inclusive. Você bem que podia ter dado um basta nas suas pretensões e ter vivido um caso de amor igualzinho ao dos seus amigos. Você tinha, e tem potencial. Só não sabe o que fazer quando chega a hora de se entregar, prefere escapulir feito um rato.
(...) Você não merece meu carinho, meus elogios, meu apoio, nunca soube retribuir nem agradecer. Considera-se merecedor de todos os afetos, mas quem é você? Um príncipe escondido neste quarto-e-sala, em que vive, dirigindo esse seu corsa espacial. Nem bonito você é. Nem bonito. É o homem que eu amo, e isso lhe deveria servir. Mas se não serve, você dispensa esse tipo de sentimento barato, fazer o quê?"
Você, que já foi a melhor parte da minha vida, hoje em dia mal faz parte das minhas lembranças. Você que foi metade de mim, hoje, dificilmente, seria mais que uma coadjuvante no meu espetáculo que nunca pára e que sempre muda. Pra todos os lados que eu olho eu vejo você. Mas não é dessas frasezinhas bonitas que a gente põe em textos bobos, não. Você realmente está presente em tudo ao meu redor. Eu vejo você nos livros da minha estante, nas fotos dos porta-retratos espalhados pela casa, nas minhas roupas mais antigas e consequentemente as preferidas, nos meus filmes, nas festa que eu frequento, praias, shoppings, praças, ruas, calçadas. Você está aí, pelo mundo. Por tudo. Aí, pelo ar que eu respiro e que se encarrega de oxidar todas as feridas expostas que vejo pelo meu corpo. Aí, pela vida. Mas não está mais em mim. Você não está mais dentro de mim. Aos poucos você foi se retirando de mim como quem pune um imperdoável criminoso por um crime que ele nunca cometeu. Não existia essa de 'eu' ou 'você'. Éramos apenas nós. E nós fomos os culpados. Você deixou de existir em mim, eu deixei de existir em você.
Eu sempre disse que gostava de mudanças. Ainda digo. É verdade. Mas algumas mudanças, simplesmente, incomodam. Como um mosquitinho que entra no seu ouvido e fica lá, zunindo, durante horas, não te deixandos dormir a noite toda. Noites todas. Eu não quero nunca voltar atrás porque acredito que é pra frente que se anda, mas confesso que nunca vou entender certos rumos que a vida toma. Porque tanto desencontro? Não faz sentido. Pra continuarmos vivos, temos necessariamente que nos separar de quem gostamos? Porque somos obrigados, espancados, estuprados a aceitar essa verdade? Porque damos 'adeus' silenciosos, todos os dias?
Eu queria te petrificar. Queria te colocar numa caixinha. Pra ninguém te tocar nem ocupar tanto espaço no seu coração que um dia já foi só meu. Queria, assim mesmo, com o verbo conjugado no passado. Você não iria querer vir comigo. Não faço mais questão de aceitar seu novo ambiente. O que me resta então é querer te ver feliz. "Se não sabemos mais rir um do outro, meu amor, ah, então o que resta é chorar". Não é assim que dizem? Pois é. Que seja feita a vontade de seja lá quem for. Deus, destino, vida ou seja lá o quê. Você vai continuar me doendo, silenciosa. Mas eu vou continuar sorrindo. Foi assim que eu aprendi. E sabe o que dizem? Que os choros secos, são, quase sempre, os mais doloridos. E eu te engulo a seco. Engulo tua vida sem mim a seco. Calada. Mas, forte... Tudo passa. Eu queria te petrificar. Queria te colocar numa caixinha.
Até mais tarde...
Para a minha melhor amiga para sempre,
você ficará bem.