sábado, 29 de maio de 2010

A nossa biografia

Romper - o que quer que seja - não é fácil. E tampouco é um ato solitário. Ao se divorciar de sua mulher, ou marido, você invevitavelmente envolverá os sentimentos dos seus filhos e de seus familiares, pra citar apenas os mais chegados. Sua decisão vai interferir na rotina dos outros. Fará com que eles sofram junto com você. Se desejar largar o emprego, do mesmo modo: não é só você que estará se arriscando ao trocar estabilidade por incerteza. As pessoas que dependem de você também estarão arcando com as consequências dessa sua escolha. Assim é: todos os laços que desejamos cortar, repercutem nas pessoas que amamos, o que torna tudo mais difícil. Se você não é exatamente uma pessoa raçuda, acaba se acomodando e optando pelo mais fácil: rompe com seus próprios sentimentos. Se anula. Faz de conta que sua infelicidade não existe. Abandona suas dores no quarto dos fundos e abre um sorriso pro mundo como se nada de errado estivesse acontecendo. Não dá pra negar que é uma atitude nobre, se a intenção é manter a paz à sua volta, mas escuta: você não conta? Os outros são assim tão fracos que não podem segurar uma onda pesada com você, uma onda que segundo Lulu Santos e Nélson Motta, passa e sempre passará?
Quando fazemos uma escolha, qualquer escolha, estamos dizendo sim para um lado e dizendo não para o outro. Então, algum sofrimento sempre vai haver. Não adianta se autoproclamar o herói da resistência contra o fracasso. Todo mundo fracassa em alguma coisa. Melhor enfrentar isso como lá pelas tantas fez a eterna Barbarella, que trocou Tom Hayden por Ted Turner.
Isso, claro, no caso de não querermos encerrar nossa biografia antes da hora."

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