segunda-feira, 24 de maio de 2010

Teve aquela cena também. De quando eu fui te dar tchau só com a manta branca e o cabelo todo bagunçado. E você olhou do elevador e me perguntou: não to esquecendo nada? E eu quis gritar: tá, tá esquecendo de mim. E você depois perguntou: não tem nada meu aí? E eu quis gritar: tem, tem eu. E cheirou meu travesseiro pra saber se ainda tinha seu cheiro, ou pra tentar lembrar meu cheiro porque ele ainda te deixa sem vontade de ir embora. Não me olha assim e diz que vai refazer o contrato, não faz o mundo inteiro brilhar mais porque você é bobo, não faz o mundo inteiro ficar pequeno só porque o seu chapéu é muito legal, não me deixa assim, deslizando pelas paredes do chuveiro de tanto rir porque seu cabelo fica ridículo molhado, não faz a piada do vampiro só porque você achou que eu estava em dias estranhos, não transforma assim o mundo em um lugar mais fácil e melhor de se viver, não faz eu ser assim tão absurdamente feliz só porque eu tenho certeza absoluta que nenhum segundo ao seu lado é por acaso, não me olha assim e diz que vai refazer o contrato. Adoro como o mundo fica coitado, fica quase, fica de mentira, quando não é você, porque esses coitados todos só serviram pra me lembrar o quão sagrado é abrir mão de evoluir só porque andar pra trás é poder cruzar com você de novo. Não é amor não, é mais que isso, é mais que amor. Porque pra te amar mais, eu tenho que te amar menos. Porque pra morrer de amor por você, eu tive que não morrer. Porque pra ter você por perto um pouco, eu tive que não querer mais ter você por perto pra sempre.

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