sábado, 19 de junho de 2010

te colocar numa caixinha.

Você, que já foi a melhor parte da minha vida, hoje em dia mal faz parte das minhas lembranças. Você que foi metade de mim, hoje, dificilmente, seria mais que uma coadjuvante no meu espetáculo que nunca pára e que sempre muda. Pra todos os lados que eu olho eu vejo você. Mas não é dessas frasezinhas bonitas que a gente põe em textos bobos, não. Você realmente está presente em tudo ao meu redor. Eu vejo você nos livros da minha estante, nas fotos dos porta-retratos espalhados pela casa, nas minhas roupas mais antigas e consequentemente as preferidas, nos meus filmes, nas festa que eu frequento, praias, shoppings, praças, ruas, calçadas. Você está aí, pelo mundo. Por tudo. Aí, pelo ar que eu respiro e que se encarrega de oxidar todas as feridas expostas que vejo pelo meu corpo. Aí, pela vida. Mas não está mais em mim. Você não está mais dentro de mim. Aos poucos você foi se retirando de mim como quem pune um imperdoável criminoso por um crime que ele nunca cometeu. Não existia essa de 'eu' ou 'você'. Éramos apenas nós. E nós fomos os culpados. Você deixou de existir em mim, eu deixei de existir em você.
Eu sempre disse que gostava de mudanças. Ainda digo. É verdade. Mas algumas mudanças, simplesmente, incomodam. Como um mosquitinho que entra no seu ouvido e fica lá, zunindo, durante horas, não te deixandos dormir a noite toda. Noites todas. Eu não quero nunca voltar atrás porque acredito que é pra frente que se anda, mas confesso que nunca vou entender certos rumos que a vida toma. Porque tanto desencontro? Não faz sentido. Pra continuarmos vivos, temos necessariamente que nos separar de quem gostamos? Porque somos obrigados, espancados, estuprados a aceitar essa verdade? Porque damos 'adeus' silenciosos, todos os dias?
Eu queria te petrificar. Queria te colocar numa caixinha. Pra ninguém te tocar nem ocupar tanto espaço no seu coração que um dia já foi só meu. Queria, assim mesmo, com o verbo conjugado no passado. Você não iria querer vir comigo. Não faço mais questão de aceitar seu novo ambiente. O que me resta então é querer te ver feliz. "Se não sabemos mais rir um do outro, meu amor, ah, então o que resta é chorar". Não é assim que dizem? Pois é. Que seja feita a vontade de seja lá quem for. Deus, destino, vida ou seja lá o quê. Você vai continuar me doendo, silenciosa. Mas eu vou continuar sorrindo. Foi assim que eu aprendi. E sabe o que dizem? Que os choros secos, são, quase sempre, os mais doloridos. E eu te engulo a seco. Engulo tua vida sem mim a seco. Calada. Mas, forte... Tudo passa. Eu queria te petrificar. Queria te colocar numa caixinha.

Até mais tarde...


Para a minha melhor amiga para sempre,
você ficará bem.

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