sábado, 29 de maio de 2010

A nossa biografia

Romper - o que quer que seja - não é fácil. E tampouco é um ato solitário. Ao se divorciar de sua mulher, ou marido, você invevitavelmente envolverá os sentimentos dos seus filhos e de seus familiares, pra citar apenas os mais chegados. Sua decisão vai interferir na rotina dos outros. Fará com que eles sofram junto com você. Se desejar largar o emprego, do mesmo modo: não é só você que estará se arriscando ao trocar estabilidade por incerteza. As pessoas que dependem de você também estarão arcando com as consequências dessa sua escolha. Assim é: todos os laços que desejamos cortar, repercutem nas pessoas que amamos, o que torna tudo mais difícil. Se você não é exatamente uma pessoa raçuda, acaba se acomodando e optando pelo mais fácil: rompe com seus próprios sentimentos. Se anula. Faz de conta que sua infelicidade não existe. Abandona suas dores no quarto dos fundos e abre um sorriso pro mundo como se nada de errado estivesse acontecendo. Não dá pra negar que é uma atitude nobre, se a intenção é manter a paz à sua volta, mas escuta: você não conta? Os outros são assim tão fracos que não podem segurar uma onda pesada com você, uma onda que segundo Lulu Santos e Nélson Motta, passa e sempre passará?
Quando fazemos uma escolha, qualquer escolha, estamos dizendo sim para um lado e dizendo não para o outro. Então, algum sofrimento sempre vai haver. Não adianta se autoproclamar o herói da resistência contra o fracasso. Todo mundo fracassa em alguma coisa. Melhor enfrentar isso como lá pelas tantas fez a eterna Barbarella, que trocou Tom Hayden por Ted Turner.
Isso, claro, no caso de não querermos encerrar nossa biografia antes da hora."
Supere isso e, se não puder superar, supere o vício de falar a respeito.

A carta

"Envio esta carta porque nunca mais quero você na minha frente. E dessa vez falo sério.
Nunca mais quero ouvir a sua voz, mesmo que seja se derramando em desculpas. Nunca mais quero ver a sua cara, nem que seja se debulhando em lágrimas arrependidas. Quero que você suma do meu contato, igual a um vírus ao qual já estou imune.
A verdade é que me enchi. De você, de nós, da nossa situação sem pé nem cabeça. Não tem sentido continuarmos dessa maneira. Eu, nessa constante agonia, o tempo todo imaginando como você vai estar. E você, numas horas doce, noutras me tratando como lixo. Não sou lixo. Tampouco quero a doçura dos culpados, artificial como aspartame.Fico pensando como chegamos a esse ponto. Como nos permitimos deixar nosso amor acabar nesse estado, vendido e desconfiado. Não quero mais descobrir coisas sobre você, por piores ou melhores que possam ser. Não quero mais nada que exista no mundo por sua interferência. Não quero mais rastros de você no meu banheiro.
Assim, chega. Chega de brigas, de berros, de chutes nos móveis. Chega de climas, de choros, de silêncios abismais. Para quê, me diz? O que, afinal, eu ganho com isso? A companhia de uma pessoa amarga, que já nem quer mais estar ali, ao meu lado, mas em outro lugar? O tédio a dois – essa é a minha parte no negócio? Sinceramente, abro mão.
Vou atrás de um outro jeito de viver a minha vida, já que em qualquer situação diferente estarei lucrando. Mas antes faço questão de te dizer três coisas.
Primeira: você não é tão interessante quanto pensa. Não mesmo. Tive bem mais decepções do que surpresas durante o tempo em que estivemos juntos.
Segunda: não vou sentir falta do teu corpo. Já tive melhores, posso ter novamente, provavelmente terei. Possivelmente ainda esta semana.
Terceira: fiquei com um certo nojo de você. Não sei por quê, mas sua lembrança, hoje, me dá asco. Quando eu quiser dar uma emagrecida, vou voltar a pensar em você por uns dias.
Bom, era isso. Espero que esta carta consiga levantar você do estado deplorável em que se encontra. Mentira. Não espero nenhum efeito desta carta, em você, porque, aí, veria-me torcendo pela sua morte. Por remorso. E como já disse, e repito, para deixar o mais claro possível, nunca mais quero saber de você.
Se, agora, isso ainda me causa alguma tristeza, tudo bem. Não se expurga um câncer sem matar células inocentes.
Adeus, graças a Deus."
"Eu não estou mais no ramo do romance. A última vez foi o dia do pezinho. Mas foi só um breve momento. Muito breve. Não lembro mais como se faz isso. Nem sei mais se sinto falta. Vai acostumando. A solidão vira parte de você. Uma vez um amor (talvez o último, talvez o único) me disse que a solidão ia sufocar qualquer um que ele amasse. Era verdade. Um domingo à tarde ele deitou na sala da minha casa e eu senti aquele peso. Naquela época eu ainda não era assim. Eu acreditava. Acreditava nele deitado na sala da minha casa, lindo como sempre foi. Não entendi aquela inquietação e aquele peso. Era ela. Era a solidão. Me sufocando exatamente como ele tinha dito. Ele se foi. E a solidão ficou. Aquela maldita solidão era contagiosa e hoje eu que posso dizer: a minha solidão vai sufocar qualquer um que eu amar. Ontem eu saí. Sozinha. Fiquei bebendo sozinha até aparecer alguém. E mesmo quando apareceu, mesmo enquanto conversávamos, mesmo enquanto outras coisas aconteciam eu ainda me sentia sozinha. Essa solidão é como uma capa. Nada mais chega em mim. Eu posso até me entregar, posso até tirar a roupa, posso tentar, mas vou continuar sozinha. Não sei desde quando isso acontece. De repente era assim fazia tempo. Uma solidão crônica. Antes eu procurava alguém com quem não me sentisse sozinha. Era minha grande busca. Agora já não faz mais diferença. Acostuma como quem bebe demais se acostuma com a ressaca. Faz parte. Tenho outros tipos de amor. Tenho amor de muitos meninos. Mas não é romance, não tem manhãs, não tem mãozinha entrelaçada e pezinho roçando enroscado debaixo do lençol, não tem beijo e abraço, não tem cinema, não tem fazer nada juntos, não tem silêncios confortáveis e nem cabeça no colo. Nem lembro como é isso. Nem lembro da sensação. Acho que o romance morreu em mim. E eu nem notei."
"Bia, minha doçura,
não não não, está proibida de ficar triste, pro-i-bi-da! Pirou? Perdeu a noção do perigo?
Caramba, como é que uma mulher como você pode se deixar abater pelo final de um romancezinho à-toa?
Sorry, sei que não foi à-toa, que você curtiu, foi bacana, tá bom, tá bom, é que, como não participei, não vi nada, mal conheço vocês dois juntos.
Mas puta que pariu, não pode ficar abalada desse jeito! Não você!
Não minha Biazinha, não minha amigona, minha fortaleza.
Você desmoronar é o prenúncio do fim do mundo, proíbo, não deixo.
Ahhhhhhh, tá bom. Sei que é foda.
Dor de cotovelo é pior que arrancar um siso, pior que fratura exposta - aliás, é uma fratura exposta. A gente fica ali vendo o osso pra fora, doendo feito a morte, e pensando se a coisa vai voltar pro lugar, se vamos andar de novo, se é possível tocar a vida sem se sentir um aleijado.
Pô, se você não conseguir, quem vai?
Bia, chore escondido, se esparrame na cama e molhe o travesseiro, faça aquele numero que todo mundo conhece: chamar a si mesma de imbecil e decretar que nunca mais, nunca mais... Ora, nunca mais amar, nunca mais acreditar nas palavras bonitas desses sacanas, nunca mais tudo!
Dê seu show particular, reprise o dramalhão algumas noites, e depois enxugue essas lágrimas e volte pra vida.
Pra vida! Elé é o único homem do mundo? Não, né?
Você disse que foi uma espécie de milagre a história de vocês acontecer, então, minha santa, quem faz um, faz outro, aproveite o know-how e dá-lhe milagre!
Você já fez tanto por você, já foi tão longe, não vai entregar os pontos agora, nem pensar.
Eu queria estar aí em Porto Alegre pra segurar sua mão, pentar seus cabelos te levar para um shopping e dar um up nesse seu astral moribundo.
-Você ainda detesta shopping? Menina, que DNA defeituoso esse seu, me explica como alguém pode não gostar de comprar.
Gostando ou não, prometa que vai esta semana entrar numa loja bem cara e sair de lá com um monte de roupas que você não sabe onde irá usar.
Ajuda, claro que ajuda. E nem ouse ler os e-mails dele, ver as fotos dele, lembrar dele!
Lobodomia autorizada, lacre essa parte do cérebro, a da memória.
Não lembre nada, não viva pra trás: planeje! Foque no futuro: uma viagem, um projeto profissional, novos amigos, novos hábitos!
Encoraje-se, o verão está chegando e você está magra, magérrima! Bote esse corpão numa praia espalhe esse sorriso lindo e você vai ver o que acontece, Milagres!!
Não pergunte por mim, eu poderia ser animadora de auditório, mas quando se trata da minha própria vida é uma desolação.
Estou sem ninguém há séculos, aqui em SP sou a mulher invisível, poderia entrar num restaurante e sair sem pagar que ninguém viria cobrar a conta, já é um superpoder, não é?
Mas eu me acostumei com isso e nem dou mais bola, mas você, Biazinha, você é de outra linhagem, é uma mulher que precisa, pre-ci-sa estar amando, estar apaixonada, e você exige estar sempre possuída por um encantamento.
Eu estive com você lá atras naqueles tempos duros e solitários, e sei que você merece um arrebatamento mais do que minha irmã até.
Não conte pra ela senão ela apertará aquelas duas mãos gordas no meu pescoço.
Bia, o que posso fazer de concreto a nao ser te potar essa pilha inútil?
Pensa que eu não sei que palavras não servem pra nada? Pra nada.
Sofrer por amor é um atraso de vida, e não há remédio que entorpeça a dor, que amenize, que anestesie, nada, nada, antidepressivo não funciona nessa hora, e cocaína não ouse...
A indústria farmacêutica ainda está muito atrasada em relação à corações feridos, não acha? Psiquiatra, que tal?
Conheço você, é durona, vai resistir, vai sobreviver a mais essa rasteira.
Biazinha, eu sei de pelo menos três homens alucinados por você, que largariam família, emprego, amante, saltariam de um foguete em movimento para voltar pra Terra e te pegar, então escuta, trata de sentar, respirar, ficar bonitinha e avaliar os candidatos.
Tô enxergando você aí puta da vida do outro lado, dizendo que não quer saber de ninguém, só dele...
Esses homens! Como ficam importantes depois que somem. Antes você nem dava muita bola pra ele, agora olhe você.
Vai superar, belezoca. Um pouquinho de paciência e champanhe e você melhora rapidinho.
Bia, não sei dizer coisas sérias e inteligentes que dizem nossas outras amigas, elas devem estar se sentindo mais úteis do que eu nesse momento, mas daqui de longe tudo que eu posso fazer é te mandar essas letras de apoio do meu jeito atrapalhado e sem conteúdo, sou assim na alegria na tristeza, no amor e na doença, um traste que não sabe dizer coisas profundas mas que te abraça e beija, kisses"
"Acabo de chegar em casa e ver tudo diferente. Ainda estou fechando os olhos e tentando encontrar a parte mais quente das suas costas. Ainda estou com este riso bobo na cara, matando a saudade de ter quinze anos e uma vida linda pela frente.
Pode ser mesmo que isso passe, pode ser que amanhã eu acorde e você tenha ido embora. Ainda assim, ainda que amanhã chegue para estragar tudo, poder chegar em casa e ver tudo diferente já são milhões de quilômetros rodados. Zilhões.
Você não sabe, nem sonha, mas você acaba de zerar minha vida. Minha vida era acordar todos os dias e sentir aquele gosto de merda na boca. Minha vida era vestir a armadura e relembrar com dor pela milésima vez todos os últimos podres de todas as pessoas podres que passaram ultimamente pela minha vida. Você acaba de zerar tudo. Com a parte mais quente das suas costas, com o seu medo de beijo na orelha e com o seu jeito de se desculpar por falar demais e balançar os pés, você acaba de me salvar.
Este texto é pra te falar uma coisa boba. É pra te pedir que não tenha medo de mim. Sabe esses textos que eu publico aqui falando putaria? Sabe esses textos falando que eu sei disso e sei daquilo? Eu não sei de nada. Eu só queria ser salva das pedras, eu só queria aprender a pegar carona nas ondas. Eu só queria que isso que eu tô sentindo agora durasse mais de uma semana. Eu só queria poder chegar em casa e ver tudo diferente. Ver tudo bonito. Ver tudo como de fato é. (...)
Hoje eu não odiei nada nem ninguém. Eu apenas fiquei lembrando, a cada segundo, que você se desesperou pra encontrar meu brinco de coração. Você quis encontrar meu coração pequenininho no escuro. E você encontrou. E você salvou meu dia, minha semana. E salvar meu dia já são zilhões de quilômetros. Você é meu herói.
Não tenha medo deste texto. Não tenha medo da quantidade absurda de carinho que eu quero te fazer. Nem de eu ser assim e falar tudo na lata. Nem de eu não fazer charme quando simplesmente não tem como fazer. Nem de eu te beijar como se a gente tivesse acabado de descobrir o beijo. Nem de eu ter ido dormir com dor na alma o fim de semana inteiro por não saber o quanto posso te tocar. Não tenha medo de eu ser assim tão agora. Nem desse meu agora ser do tamanho do mundo.
Eu estou tão cansada de assustar as pessoas. E de ser o máximo por tão pouco tempo. E de entregar tanta alma de bandeja pra tanta gente que não quer ou não sabe querer. Mas hoje eu não odeio nenhuma dessas pessoas.
E hoje eu não me odeio. (...)
Talvez você pense que não merece este texto.
Há quanto tempo mesmo você me conhece? Algumas horas? Mas você merece sim. Hoje, depois de muito tempo, eu acordei e não me olhei no espelho. Eu não precisei confirmar se eu era bonita. Eu acordei tendo certeza.
Não tenha medo. Eu sou só uma menina boba com medo da vida. Mas hoje eu não tenho medo de nada, eu apenas fecho os olhos e lembro de você me dando aquela flor velha, fazendo piada ruim às sete da manhã, me lendo no escuro mesmo com dor de cabeça. Eu posso sentir isso de novo. Que bom.
Achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou me sentindo uma idiota.
Sabe o que eu fiz hoje? As pazes com o Bob Marley, com o Bob Dylan e até com o ovomaltine do Bob's.
As pazes com os casais que se balançam abraçados enquanto não esperam nada, as pazes com as pessoas que não sabem ver o que eu vejo. E eu só vejo você me ensinando a dar estrela. Eu só vejo você enchendo minha vida de estrelas. Se você puder, não tenha medo. Eu sou só uma menina que voltou a ver estrelas. E que repete, sem medo e sem fim, a palavra estrela no mesmo parágrafo. Estrela, estrela, estrela. Zilhões de vezes."



Faz um bom tempo que a vontade de escrever e de poetizar se resume a você.
''tão só, Zézim. Tão eu-eu-comigo, porque o meu eu com a família é meio de raspão. Tá bom assim, não tenho mais medo nenhum de nenhuma emoção ou fantasia minha, sabe como? Os dias de solidão total na praia foram principalmente sadios.''
Me dei ,me dei ...mudei. E você, o quê? Fiz tudo, te dei o meu mundo. E você o quê? Joguei, lutei, arrisquei, amei! Gostei, um amor maior: impossível. E você o quê? Ultrapassei meu íntimo. Fechei meus olhos, os olhos da alma. Decidi ignorar meus padrões. Ocultei minhas raivas, algumas vezes não deu, disfarcei meus ciúmes, amaciei minhas mágoas. Sua voz me tranqüilizara, teu sexo me domava. Fiz como pude e como não pude. Do seu jeito fui levando, algumas vezes amor próprio me faltou, mas eu só queria seu amor. Por inúmeras vezes te amava mais do que o tudo. E pergunto: E você ? O quê ? Armei sua lona, fiz seu circo , pintei seu mundo. Fiz de você meu primeiro. Usei suas cores, anulei as minhas. Aceitei suas verdades intactas, anulei as minhas. E você amor ? O quê ? O quê você fez? Despedacei meu ego, levantei nossa bandeira. Me julguei egoísta, fui contra a seu favor. Chorei, chorei, chorei até faltar vazio em mim. Fui no fundo, no profundo do meu âmago. Pra merecer teus carinhos, teus gemidos, tua língua,teu prazer, teu sorriso, tua atenção, teu apreço. Pra me sentir mulher, me fiz criança. Fiz pirraça, cena, novela. Decorei um texto pra nada dar errado. Abri a mente, fiz preces, fantasiei um mundo. Amei teu corpo, teu jeito, teu cheiro,tua sombra, abri meu peito acreditei na gente. Desconfiei muito, mas confiei demais E você amor? O quê ? Ouviu minha canção? Abriu o peito? Cortou seus cabelos? Trocou de canal? Falou "aquela" frase? Fez planos pra mim? Escolheu um filme pra nós dois? Foi minha companhia para todos os momentos? Foi a um show? Usou "aquela" blusa? Amou-me de verdade? Pensou em mim? No que construímos? No que alcançamos? Tudo um dia tem fim. Tudo na vida tem volta. Tranqüilo você pode ficar, riscos de amar sem ser amado, você não há de correr não. Amor de verdade você não sabe diferenciar. Dizer que vou ser feliz agora? Quem sabe? Dizer que você vai se dar bem? Tomara! Aprendizados são pra vida toda, mas amor unilateral na vida da gente uma só vez é suficiente.
''Só sei que cheguei à humildade máxima que um ser humano pode atingir: confessar a outro ser humano que precisa dele pra existir.''
Não quero que tu te arrependas, mas se um dia tu arrepender, não me procura por favor.

A bela e o burro

Ontem depois que você foi embora confesso que fiquei triste como sempre. Mas, pela primeira vez, triste por você. Fico me perguntando que outra mulher ouviria os maiores absurdos como você, um homem de 32 anos, planejar ir a uma matinê brega com gente sem assunto no próximo domingo e, ainda assim, não deixar de olhar pra você e ver um homem maravilhoso. Que outra mulher te veria além da sua casca? Você não entende que eu baixei a música do "Midnight Cowboy" e umas boas do Talking Heads, Vinícius de Morais e do Smiths porque achei divertido te fazer uma massa ouvindo algumas músicas que dão vontade de viver. Uma massa que você não vai comer porque está perdendo o paladar para o que a vida tem de verdadeiro e bom. É tanta comida estragada, plastificada e sem sal, que você está perdendo o paladar para mulheres como eu. E você não sabe como vale a pena gostar de alguém e acordar na casa dessa pessoa e tomar suco de manga lendo notícias malucas no jornal como o cara que acha que é vampiro. Tudo sem vírgula mesmo e, nem por isso, desequilibrado ou antes da hora. Você não sabe como isso é infinitamente melhor do que acordar com essa ressaca de coisas erradas e vazias. Ou sozinho e desesperado pra que algum amigo reafirme que o seu dia valerá a pena. Ou com alguma garotinha boba que vai namorar sua casca. A casca que você também odeia e usa justamente para testar as pessoas "quem gostar de mim não serve pra mim".
E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto e jamais me perca e seja feliz. E entenda que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz. A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com a praia do Espelho e com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida. E você me olha com essa carinha banal de "me espera só mais um pouquinho". Querendo me congelar enquanto você confere pela centésima vez se não tem mesmo nenhuma mulher melhor do que eu. E sempre volta.
Volta porque pode até ter uma coxa mais dura. Pode até ter uma conta bancária mais recheada. Pode até ter alguma descolada que te deixe instigado. Mas não tem nenhuma melhor do que eu. Não tem. Porque, quando você está com medo da vida, é na minha mania de rir de tudo que você encontra forças. E, quando você está rindo de tudo, é na minha neurose que encontra um pouco de chão. E, quando precisa se sentir especial e amado, é pra mim que você liga. E, quando está longe de casa gosta de ouvir minha voz pra se sentir perto de você. E, quando pensa em alguém em algum momento de solidão, seja para chorar ou para ter algum pensamento mais safado, é em mim que você pensa. Eu sei de tudo. E eu passei os últimos anos escrevendo sobre como você era especial e como eu te amava e isso e aquilo. Mas chega disso. Caiu finalmente a minha ficha do quanto você é, tão e somente, um cara burro. E do quanto você jamais vai encontrar uma mulher que nem eu nesses lugares deprê em que procura. E do quanto a sua felicidade sem mim deve ser pouca pra você viver reafirmando o quanto é feliz sem mim e principalmente viver reafirmando isso pra mim. Sabe o quê? Eu vou para a cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você. Ao invés de estar por aí caçando qualquer mala na rua pra te esquecer ou para me esquecer. Porque eu me banco sozinha e eu me banco com um coração. E não me sinto fraca ou boba ou perdendo meu tempo por causa disso. E eu malho todo dia igual a essas suas amiguinhas de quem você tanto gosta, mas tenho algo que certamente você não encontra nelas: assunto. Bastante assunto. Eu não faço desfile de moda todos os segundos do meu dia porque me acho bonita sem precisar de chapinha, salto alto e peito de pomba. Eu tenho pena das mulheres que correm o tempo todo atrás de se tornarem a melhor fruta de uma feira. Pra depois serem apalpadas e terem seus bagaços cuspidos. Também sou convidada para essas festinhas com gente "wanna be" que você adora. Mas eu já sou alguém e não preciso mais querer ser. E eu, finalmente, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim. Coitado.
"A cada tentativa, ele me pressente e me rechaça, ele me empurra para o fundo de si para que eu não o desmascare. E me rouba a voz, e me leva o gesto, fazendo com que me cale e me imobilize impotente entre as pontas duras das quais ele se desvia. É sem testemunhas que eu o desmascaro todas as manhãs, enquanto escuto escorrer a água com que supõe lavar toda a sua sujeira. Mas te investigo, te busco, te suspeito cúmplice de mim, não dele, porque a tua ajuda é a única que posso esperar, então insisto sempre se me entendes, e volto a perguntar então, me entendes? assim, me entendes, tu? agora, me entendes, ou nunca?
[...]
e essa quem sabe tenha sido a primeira vez que te descobri existindo paralelo a mim e a ele. Ou não importam cronologias, se coexistias mesmo anterior à minha consciência de ti."

quarta-feira, 26 de maio de 2010

''A mulher mais feliz do mundo é a namorada do saci, pois ela sabe que se levar um pé na bunda, quem cai é ele.''

Uma carta para meu ex-namorado.

Te tenho aqui dentro independente de qualquer coisa, não hesite em me perguntar se você ainda me possue, algo bem aqui dentro, ainda lhe pertence. É incrivel pensar que hoje, sou o que sou, por você e não somente por você, mas também por mim.
Eu quis crescer, quis parecer um alguém pra você, era tudo o que eu sempre quis: estar ao seu lado.
Não me arrependo das noites que passei chorando por você, das loucuras que fiz, dos beijos que deixei você roubar de mim... sempre foram seus, todos os beijos, ninguém me dominava, me possuia, me guiava... como você; eu sinceramente, te amei.
Sim, amei; não mais. Alguns dizem que o amor nunca acaba e quem poderá dizer? alguém sabe o que é o amor? e quando ele deve aparecer? ou quando ele deve ir embora?
ninguém é tão esperto que possa responder ou tão burro, de revela. Enquanto isso, acredito nos meus sentimentos... e sei que eles não me traem.
O que sinto por você é inestimavelmente bom, você ainda me trás a paz de sempre; você ainda me completa; mas estou madura, sei o que me faz mal. Procuro organizar as ideias na minha mente, e não agir por impulso, novamente.
Espero sempre seguir sua vida, de longe; só a lhe olhar... só a observar o quanto de tristeza, dor, felicidade, angustia, ansiedade você carrega em si.
Não, não estou infeliz por não ter você ao meu lado, foi melhor assim. Talvez você estivesse em meu caminho só para me ensinar a crescer... a ser o que eu sou.
Sei que quando olha pra mim, não me reconheçe. Hoje eu sou você, em versão feminina. Mas bem diferente, é claro. Digamos que 'você'sofreu algumas alterações no meu 'eu'.
não sei exatamente se ainda te amo, provavelmente não. Me conheço o bastante para acreditar que jamais abandonaria um amor, enquanto o amasse.
Acho que o que sinto por você não se passa de 'saudade'. Espero que não fique triste com essas palavras... a saudades não é tão ruim assim.
É prova de que tudo o que vivemos foi real; aconteceu.
Boa sorte em sua vida, isso não é um Adeus, nem pense nisso e eu procuro não pensar em te dá Adeus, isso seria doloroso demais, para mim.
Cuidado com as mulheres, elas tem deixado você muito vulneravel, não parece o mesmo de antes. então, seja mais cruel, elas ainda continuarão lhe amando.


beijos da sua ex-namorada, mas que sempre está de longe, ela vive do seu lado, ela vive com você, ela vive a vida que deveria ser vivida pelos dois... e ela carrega sozinha, hoje.
Mas não se preocupe, as vezes, carregar seu proprio fardo faz bem e muito bem!
O que acabou pra você e pro mundo... continua aqui. Oculto; em algum lugar do meu infinito.
em algum lugar, no infinito.
As palavras parecem ser belas demais, pra uma carta de carinho, para um ex-namorado.
Estou quebrando todas as regras... posso sentir isso.
mas, embora confusa, espero que essas palavras sejam de puro controle emocional.
não quero aparentar ser uma louca emotiva por estar longe de você; estou até mais gordinha, sem você.
então, é isso.
voltarei, quando necessario.
ah, e não esqueça de tomar café da manhã, você não tomou hoje!
rsrs.
até logo.
Obrigada pelo motivo que você me deu, para que tudo que eu espere de você no momento, é distância.
E você me olha com essa carinha banal de "me espera só mais um pouquinho". Querendo me congelar enquanto você confere pela centésima vez se não tem mesmo nenhuma mulher melhor do que eu. E sempre volta. Volta porque pode até ter uma coxa mais dura. Pode até ter uma conta bancária mais recheada. Pode até ter alguma descolada que te deixe instigado. Mas não tem nenhuma melhor do que eu. Não tem !
"Só me responde de maneira direta, sem enrolar, sem subjetivar ou banalizar a coisa. Responde pra mim porque é que a gente não está junto? E não me amola porque você sabe que quando eu digo 'a gente' falo sobre a minha e sobre a sua pessoa coexistindo. Vai, responde... Mas responde de coração! Não é porque minhas perguntas são cretinas que você vai me dar respostas vazias. Não me deixa aqui vivendo de suposições porque assim eu sou obrigada a lembrar de tanta coisa... O que me dá vontade de chorar mil litros. Por que é que você insiste tanto em caber no meu sonho? E por que é ainda sendo assim você não me ama? Será que sete meses com essa obsessão não te dão pelo menos um fio de esperança, não te trazem a vontade de colocar um pouquinho de confiança em mim? Mas voltando ao ponto: nada me satisfaz depois de você. Posso passear abraçada por ai com tantos outros rapazes e me pegar finalmente aprendendo a gostar de mim e principalmente: gostando de quem gosta de mim mas é só passar um homem com uma cara mais alternativa, com um tênis e cabelo parecidos com o seu que volto a te procurar. Ainda que te procurar doa. Alias, me expressei mal. Não é te procurar o que doi tanto.. É procurar, não achar e te enxergar como perdido (O que ainda é não enxergar). Porque com a bagunça que eu vejo por aqui talvez eu já não te ache mais. E me sobe do calcanhar até a cabeça uma mistura de saudades das nossas semelhanças e ao mesmo tempo quero me libertar disso tudo e com isso me afasto ainda mais. Porque você não sabe que faço isso pra nos poupar de um mal maior. Eu queria tanto voltar a falar sobre aquele voto de confiança do começo do texto, lembra? Queria refazer tanta coisa. E te respondo, é sim sempre amor mesmo que alguém esqueça o que passou. Lembro quando eu cantei essa música perto de você, sem segundas intenções aparentes, e você disse que adorava essa música. Alguns anos depois te peguei cantando essa música pra outra garota. Perguntando isso pra ela. Como se você não lembrasse que eu costumava falar pra todo mundo que era a música que contava a minha história. Talvez você nem lembrasse mesmo. Mas é que, sabe, eu pensei que talvez viesse a significar algo. Não me olha com esses olhinhos de quem não queria que eu fosse embora. Você ainda me tem e eu ainda te espero. Só que em silêncio, só esperando a poeira baixar. Já descobri que agir sempre pelo coração doi. Não custa agir pelo menos uma vez da maneira bem resolvida que eu sempre quis.
Você sabe o quanto eu sei do seu sentimento por mim. Você deve ter a mínima noção do que eu sinto quando você ta perto ou longe de mim. O meu sentimento não mudou; você é que está destruindo-o. E o que eu posso fazer? Todos me dizem para eu te esquecer. Falam coisas, muitas coisas... mas palavras são fácies quando não se vive o que eu vivo. Não venha me enganar, não olhe nos meus olhos e diga que me ama ainda, isso já é fingimento demais; você brinca muito com a sinceridade (ou posso dizer falsa sinceridade?) até que ponto vou acreditar nas suas palavras? Até quando eu vou ter que manter essa aparência de namorada boa e obediente, que te ama e quando tiver vibra de emoção, de paixão? que deita contigo e senti um prazer imenso? Como posso ser uma bonequinha de luxo, brincando de casinha, cuidando da minha bonequinha, e fingindo que você é o homem que eu sonhei pra mim? Como posso fingi que você me faz feliz... se agora você está destruindo tudo o que construímos? NÃO POSSO SER. Alias, nunca pude ser. Onde você quis chegar com tudo isso? [/b]Até onde o desejo humano é maior do que o sentimento?[/b] Isso é quase irracional. Nossos sonhos, nossas vidas juntos, nossos planos, tudo o que já vivemos... hoje olho e não consigo carregar sozinha. Não é tudo culpa sua, reconheço. A culpa também é minha. Sou culpada por ter sido tão cega, tão irrealista, tão profunda nos meus sentimentos que acabei criando um mundo onde, pra mim, só existia EU E VOCÊ. Sou culpada de não ter visto os fatos, de não ter visto a razão, de ter fechados os olhos para o sofrimento, achando que ele não iria me encontrar. A culpa é minha de ter confiado em você! Sim, eu o amo. Amo mais do que tudo em minha vida. Com você tive os melhores dias de minha vida, até hoje. Cresci, amadureci com você. Deixei de ser menina... olha, você me fez uma mulher; e agora? simplesmente destrói tudo. Como se nada lhe importasse; como se tudo fosse só uma brincadeirinha de monta-e-desmonta. Não, cheguei no meu limite. Cansei. Sinta-se feliz, você serviu para algo de bom em minha vida, disso não posso negar; mas essa mulher que você criou... hoje resolveu quebrar qualquer vinculo com você. Resolvi desconstruir o nosso mundinho... e viver no mundo real. Onde pelo menos as pessoas não decepcionam tanto os outros. E enfim, não só por isso. Eu nasci denovo, hoje. Confesso que estou achando tudo estranho... mas nada além do que eu esperava; espero nunca mais te ver. Não se preocupe, irei manter minha vida fora do seu alcance; beba, fume, se drogue, fique, beije, transe muuuuuito! Agora você pode fazer tudo a vontade, sem ter medo de fazer nada escondido. Porque HOJE você é livre[na realidade, o que você sempre foi. era eu que achava ' no meu mundinho inventado ' que tinha algum poder dominador sobre você]. Não hesitarei um minuto sequer a lhe esquecer. Você agora é passado. Adeus.

Da sua querida, amável, cuidadosa, obediente, amorosa, apaixonante, vibrante, sofredora...
SUA EX-NAMORADA.

Eu sou um aeroporto

Na verdade, todos nós. Que outro lugar, senão um aeroporto, condensa sob o mesmo teto a alegria do encontro e a tristeza da despedida? Veja pedaços de mim acima das nuvens, em logradouros distantes, em cidades inóspitas. Recebo, também, de todo lugar, pedaços do mundo que, como imãs, aplicam-se sobre a minha pele e lá ficam para a posteridade, exibidos por onde passo. Alguns têm a pista embrenhada entre matas, encoberta por nuvens de chuva, radares desligados ou intencionalmente sabotados. Tem gente que tem medo do avião. Por medo das partidas, tem gente que não deixa ninguém chegar. São aeroportos fechados. No entanto, a gente só percebe o calor do abraço, quando sente a dor de respirar o ar frio da solidão. Você brada aos céus toda sorte de impropérios, mas não percebe que vôo nenhum te encontra no radar. Eu sou um aeroporto. Chegadas e partidas são a única certeza na minha vida. Meus olhos estão virados pro futuro focados na estrada que se prosta à minha frente. Encontro em mim, com igual a facilidade, motivos para persistência ou para desistência. E continuar pra que ? Continuo com a força do que levo pra vida. O saldo positivo disso tudo é a quantidade de aviões que acolho em meus hangares. Pedaços de historias que conto pra mim mesmo todo dia, enquanto ergo um timido sorriso quase que instantaneo de realização. E você, aeroporto em greve, tá esperando o que olhando pra cima? (Avião não pousa em aeroporto fechado!).
Eu te amo. Você me ama. Aceite este presente e não pergunte o porquê, pois se você me permitir, vou pegar o que te assusta e guardar lá dentro. E se me perguntar porque estou com você, e porque nunca te deixarei. Deixe, o amor vai te mostrar tudo!
"O amor da minha vida eu encontrei, tem nome, é de carne e osso, e me ama também ( eu sei que sim ). Agora falta encontrar alguém com quem possa me relacionar. É que o homem da minha vida não cabe em mim e eu não caibo nele. Não basta que a gente se queira há muitos anos. Não basta nossos "rolos" longos, os rompimentos e a teimosia de desejar mais daquilo que não há de ser. Não presta que ele me visite pra acabar com as saudades e fuja correndo de pernas bambas e um bumbo no peito. Não importa que eu esqueça meu nome depois, nem que me perca num oco, ou que os sentimentos corram de ambos os lados, intensos e desarvorados. Não basta que haja amor para se viver um amor. Eu e ele somos as cruzadas da idade média, o Osama e o Tio Sam, o preto e o branco da apartheid, o falcão e o lobo, o Feitiço de Áquila. Seus mistérios me perturbam e minha clareza o ofusca. Tenho fascínio pelo plutão que ele habita, e ele vive intrigado por minha vênus, mas quando eu falo vem, ele entende vai. Enquanto ele avista o mar eu olho pra montanha. Quando um se sente em paz o outro quer a guerra. É preciso me traduzir a cada centímetro do caminho enquanto ele explica que eu também não entendi nada. Discordamos sobre o tempo, o tamanho das ondas, a cor da cadeira. O desacerto é de lascar, e não há "cama" que resista a tantas reconciliações - um dia a cama cai."



"Se o gênio da lâmpada aparecesse pra mim e dissesse que só posso fazer um pedido pra minha vida, presta atenção, seria esse: nunca me perder de você. Porque nem sempre eu sei pra onde ir, mas sempre, sempre mesmo sei pra onde eu quero voltar."

terça-feira, 25 de maio de 2010

Do constrangimento

Eu não sou a pessoa mais conservadora do mundo. Nunca fui, nunca serei. Eu não tenho (nunca tive) nada contra a putaria. Nada mesmo. Tanto, que ninguém nunca quis (e nunca vai querer) namorar comigo justamente por causa disso. E também por que sou chata, mas aí são outros quinhentos. Mas só escrevo essas coisas pra deixar claro que não sou frígida por que eu acho um puta argumento ridículo quando eu CRITICO algo acerca de sexo, alguns RETARDADOS me dizem que eu sou frígida. Não sou. Sou CHATA, como já disse. É diferente.

Mas tudo bem, não é essa a questão. Me considero um tanto quanto destravada pra lidar com “problemas” do sexo. Dos outros, claro.. Por que “eu não tenho problema nenhum” (heh!). Ok, talvez eu até tenha, mas até hoje nada muito conflitante não, ao que tudo indica. Mas ATENÇÃO: destravada não quer dizer desinibida. Não me aliso em todo par de calça que me aparece na frente e não tento seduzir (ou como dizem as piriguétes: “SER SIMPÁTICA” com) todo mundo que conheço. Isso de “métodos” da sedução é a coisa mais ridícula da face da terra. Não faço isso. Nunca fiz, felizmente. Mas o post também não é sobre isso. Vou falar logo o que foi por que estou enrolando demais. Pois bem:

Passei boa parte do dia hoje lendo artigos e me dedicando a uma monografia que terei que entregar dia 19/06 agora. Aqui na minha faculdade (UFSC) existem 2 laboratórios de informática onde posso ter acesso e eu costumo vagar de um pra outro, todos os dias. Eles não ficam muito distantes um do outro, mas têm horários diferentes. Um fecha no almoço e o outro não. Um tá sempre cheio e o outro não. Então eu fico vagando de um pro outro a fim de achar um computador só pra mim onde eu possa ler artigos, escrever parágrafos e tudo o mais. Passo os dias em função disso e quando não estou fazendo isso, estou PENSANDO no que escrever, no que ler, em como argumentar, etc. Esse é o meu “normal”. E acho que esse deveria ser “o normal” de qualquer pessoa que leva uma faculdade minimamente a sério. Ok.

HOJE, estava saindo de um dos laboratórios e indo ao outro, agora a pouco, quase 15h e pensando nos parágrafos, no que escrever, em argumentações, teorias e mimimi, quando avisto de SOSLAIO 3 meninas com umas caras de uns 16 anos, com “tudo em cima”, “gatchééénhas” e tal… e caras de que “estamos fazendo propaganda de algo”. Confesso: FUJO desses tipos, assim como FUJO dos hippies daqui. Odeio propagandas e odeio hippies. Simples assim. Mas decidi não desviar delas. Pensei “deve ser alguma propaganda de shampoo ou festinha escrota, vou pegar a porcaria do papel e jogar no lixo anyway…”. Aí passo por elas achando que elas vão me ignorar mas não: uma das moças me estende o braço e diz alguma coisa meio melosa (deve ter sido algo como “boa tarde”, não lembro, não ouvi direito) e me estende um papelzinho e uma CAMISINHA DE MORANGO…

falando abertamente

Sempre tive muito medo de putaria. Mas putaria no sentido de esculhambar com o sentimento dos outros, não no sentido de fazer uma suruba, por exemplo. Vou contar mais ou menos como foi o lance comigo. Eu tinha um namorado. Ele me deu um pé na bunda fenomenal depois de alguns meses de namoro. Nunca o esqueci, mas ele me esqueceu muito fácil, apesar de não comer ninguém mais na época (Ninguém o queria. Nem dar pra ele, nem gostar dele, só eu). Enfim.. O cara era, é e sempre será um loser de primeira linha, mas isso é outra história. A coisa foi que, mesmo quando todas as gurias que ele gostava o desprezavam sem remorso nenhum, eu continuei a dar pra ele e a gostar dele. Eu era uma mulher apaixonada, e mulher é um bicho otário mesmo né? Impressionante. E ele, que não é besta nem nada, “se aproveitou” por assim dizer. O “se aproveitou” vai em aspas por que, querendo ou não, de certa forma, eu também me aproveitei ora pois, por que não?

De qualquer forma, não estávamos namorando mesmo, e nesse meio tempo (que ele não comia ninguém a não ser eu), eu fiquei e dei pra outros caras (um amigo dele incluso). Vários outros caras. Se ele sabia disso ou não, não me importo, mesmo por que, ele não gostava de mim mesmo, então ele não deveria se importar. Homem não se importa com mulher que dá pra geral, quando ele não gosta dela. De qualquer forma, não conseguia esquecê-lo, mas eu não sou de ferro cara… Eu era jovem e curiosa, tava na flor da idade, enfim… Eu precisava aproveitar. E eu aproveitei geral. O lance foi que mesmo aproveitando tudo, eu nunca esqueci esse cara. E ele se tornou “o amor da minha vida” (o que hoje acho cafonééérrimo, so last week..). Ok. E eu falava isso pra todo mundo, que o amava e que ele era o amor da minha vida. Até pra minha irmã menor..

Vamos direto ao ponto então? Vamos.

A minha irmã menor, diferente de mim que sou gorda e inteligente, é gostosa e burra.
Definindo claramente, ela é tão burra quanto eu sou gorda. Pronto. Tá definido.
A diferença agora é que eu estou emagrecendo e ela,… Bem, ela continua burra.

E ela sabia desse meu amor todo por esse cara. E ainda assim, na maior cara de pau, me dizia que pegaria ele, que achava ele “bonitinho” (palavra dela), que ele era legal e querido, etc e tal. Sem cerimônia nenhuma. Sem medo de me deixar puta ou triste. Mas pelo menos, diferente de uma amiga da onça filha da puta que tive (que pegou meu ex, mesmo sabendo que eu gostava dele, sem me falar nada), minha irmãzinha tinha a dignidade, a integridade e a destreza de dizer isso na minha cara. Mesmo eu sempre tendo jogo aberto com ela. Por isso (e apenas por isso), querendo ou não, eu sempre respeitei muito a minha irmã, apesar dela ser uma desgraçada. A ingenuidade e o jeito dela, faziam ela seguir um caminho não bom, mas justo. Ela não engana ninguém, ela não manipula, não sabe mentir, esconder: ela é franca. De verdade. Fazer o quê?

É óbvio que eu nunca gostava quando ela falava que pegaria o cara que eu amava. Mas o que eu poderia fazer? Bater nela? Escrotizar geral? Nada. Eu não podia fazer nada. Ela, obviamente, sempre teve vantagem por ser gostosa. Pode não ser bonita, mas é gostosa. A diferença é que ela não gostava dele como eu. Às vezes, pela forma que ela falava, parecia que ela só o pegaria pra passar o tempo, ou ainda, acredito, pra passar por cima de mim e provar que “podia”, tipo “Eu sou gostosa e você não”, “Catei teu ex… E agora? Vai fazer o quê com essa tua inteligência toda?”. Ela não ficaria e nem daria pra ele por que gosta dele, mas só pra brincar com ele. Faria isso “de zoeira”, coisinha a toa. Cara… Uma coisa é certa nessa vida: mulher é tudo filha da puta. Elas são inerentemente filhas da puta. Todas. São umas biscates, vadias, filhas da puta mesmo. Eu sei disso: eu sou mulher. E mesmo assim, não tenho medo nem vergonha de assumir minha misoginia. Eu odeio as mulheres (às vezes). Odeio feminismo, odeio feministas (sempre). Odeio muito tudo isso.

Mas ao contrário das mulheres NORMAIS (sim, normais), eu sempre relutei em ser filha da puta. Na verdade, nunca ninguém gostou de mim o suficiente pra que eu pudesse ser desgraçada. E eu também nunca fui gostosa o suficiente pra poder me dar ao luxo de ser desgraçada. Porém… As coisas estão mudando..

Há algum tempo eu venho reconsiderando algumas coisas. Estou cansada de ser feita de otária por todo mundo que passa pelo meu caminho. Não só ser feita de otária, mas desrespeitada, desprezada e tudo o mais. Por todo mundo: namorados, casos, irmã, família, todo mundo. Sempre me orgulhei do meu senso de justiça, de ser correta e de nunca ter passado a perna em ninguém. Nunca fui filha da puta “por que sim”. Melhor colocando, nunca tive esse prazer. Sim, pras mulheres é prazeroso ver um cara (ou qualquer outra pessoa) se descabelando e enlouquecendo por elas, sádicas filhas da puta, todas gostam disso. Elas não gostam de homens, elas gostam é da sensação de poder que tem sobre eles… É bem diferente. Não acho isso certo, não acho nem mesmo bonito. Mas faz parte da natureza das mulheres, eu não posso negar isso.

De qualquer forma, minha irmã menor, também é mulher e também, querendo ou não, tem sentimentos. E, há muito tempo atrás, antes de ela começar a namorar o atual namorado dela, ela me falou de um cara por quem ela sempre foi apaixonada e sempre quis namorar. O cara, claro, muito esperto, não quis namorar ela por que ela era burra. Mas catou ela. E ela ficou apaixonadinha por ele, e só falava nele pra mim e eu aturava numa boa. Suspeito que ela ainda pense nele. Conheço o cara de vista e troco “olás” com ele, vez e outra. Não nos comunicamos quase, mas eu o tenho em algumas redes sociais virtuais por aí. De algum tempo pra cá, ele até que tem me dado um pouco mais de atenção. Acho estranho. Não imagino o porquê. Não quero imaginar. O cara não faz meu tipo, nem em um milhão de anos. Ele não tem absolutamente NADA a ver comigo.. Não tem nada que eu gosto. Não o acho nem mesmo bonito…

(Pausa pra pensar um pouco…)

Ok.. Ele é bonitinho sim…

Ok. Eu pegaria ele, se eu ficasse muito gostosa e se ele quisesse, claro. Just for the fun of it. Apenas com o único objetivo claro e óbvio de deixar a minha irmã muito puta da cara, ou no mínimo, sentida. Pra ela me odiar e ficar sem falar comigo por meses a fio..

Ok. Agora eu entendo por que as mulheres são filhas da puta. Só a sensação que esses pensamentos provocam, supera qualquer tipo de orgasmo, imagina o ato em si… Deve ser um lance transcendental.

A partir de hoje, apenas idéias diabólicas entranharão pelos meus pensamentos. Não serei mais boazinha. Não terei mais dó, nem misericórdia. Não terei medo de fazer putaria com o sentimentos dos outros (sou mulher mesmo, vou me ater e fazer jus a minha condição). As coisas não são tão difíceis quanto a gente pensa, nesse sentido. Elas só precisam ser esquematizadas. Pelo menos nisso, tudo tem uma lógica que é muito clara pra mim. E me faz pensar, repetidamente, esquizofrenicamente “Por que não? Por que não? Por que não?”. “Não tenha dó, não tenha misericórdia, seja escrota, seja filha da puta, todas mulheres são, todas foram com você, e você não é diferente… Assuma isso! Não negue a sua natureza, não negue quem você é!”, dizem as vozes na minha cabeça.

Mas ainda não chegou a minha hora. Eu tô segurando a minha onda.

Mas um dia, ela vai quebrar. E aí sim eu vou querer ver…

É transcendental imaginar a minha irmã fazendo cara de desprezo, mas se corroendo inteira por dentro.

Eu sou uma filha da puta sádica mesmo… Assumo.

Prontofalei.

Por que não devemos falar de sexo com homens?

Ontem eu tava por aí no Twitter quando li uma twittada da minha amiga Cíntia. Na mesma hora respondi: “Por que homem é tudo mongo. Se você fala de putaria com eles, mais cedo ou mais tarde eles acabam te taxando de “bizarra”“. Experiência própria. Juro pra vocês. E ainda tem mais: se você fala de sexo abertamente com homens, existe uma probabilidade altíssima de eles acharem que:

1. Você é muito bizarra. Ou ainda “areia demais pro caminhãozinho deles” (ridículo isso, faz duas viagens, porra!)
2. Você QUER louca e necessariamente DAR pra eles. (bestas!)

Ou o pior de tudo:

3. Você está, perdida e irremediavelmente apaixonada por eles. (Grrr… Filhosdaputa presunçosos!)

A Cí também falou sobre conversar sobre sexo com viados. Não acho que seja a mesma coisa. Tenho vários amigos gays e, definitivamente… Não é a mesma coisa! É esquisito, na verdade. Fico me sentindo inferior em técnicas e certas habilidades, if you know what I mean… Mas até que róla pegar algumas dicas com eles. Afinal, eu não tenho um pau e só sei como o negócio funciona mesmo em teoria. Na prática a gente faz o que pode, mas sei lá… Nunca parece ser suficiente! Enfim. Nem mesmo sei o quê é que pode estimular certa sensação aonde e nem quando.. Mas até acho que tenho um bom timing. E levando em conta que cada pessoa gosta de uma coisa diferente, isso fica ainda mais complicado!

But anyways, há uns 2 anos atrás, quando eu tinha amigos homens (em sua maioria), eu sabia (sei ainda) que eles me acham bizarríssima simplesmente por ser quem eu sou. Sim, simples assim. Tá certo que naquela época eu conseguia ser ainda mais tosca, mas de qualquer forma, era praticamente impossível que acontecesse qualquer coisa no sentido afetivo/sexual com qualquer um deles. Não sei o que eles tinham, se era medo de mim, ou nojinho, ou sei lá… Eu era tosca demais, bizarra demais (continuo sendo), experiente demais (não deixei de ser, nesse sentido só piorei/melhorei, escolha você), enfim…

Não converso mais nada com ninguém não. Nada mesmo. Estou relativamente reclusa nesse sentido, me preocupando mais com outras coisas. Se começam com o assunto do meu lado, eu simplesmente vou embora. Não reclamo mais de gente que fala de suas experiências como se relatasse um fato qualquer: eu simplesmente ME RETIRO do ambiente, por que acho constrangedor. É isso mesmo. E não é questão de eu ter “esqueletos no armário”… Quem pensa que é isso, pode ir à merda. Não tenho vergonha nenhuma do que já fiz e do que já vivi, mas acho não só indelicado, como desnecessário ficar confabulando sobre isso publicamente.

A única pessoa que tem o direito de vir com interrogatório sobre a minha vida sexual hoje em dia, é o meu médico. Nem pra minha mãe eu falo nada.

E por que eu não falo mais? Deixando claro: não falo mais nem com homens e muito menos com mulheres. Não falo mais por que simplesmente acho desnecessário, acho que não vale a pena. Sei lá, não vou ganhar nada com isso e além do quê, vão poder me tirar de “bizarra” a troco de nada (ou quase nada). Ao contrário da Cí, eu não sinto exatemente falta de conversar sobre isso com alguém, mesmo por que eu não ando nem sentindo mais falta disso (sexo) propriamente dito. Não estou me declarando aqui um ser puro e casto, nada disso. Mas só que agora, diferentemente dos anos anteriores, pra eu me disponibilizar a pensar no assunto e a avaliar possibilidades de prática… Demora. Demora muito. Plutão tem que cruzar com Saturno na casa de Júpiter (algo assim) e, talvez, se der algum eclipe, eu penso no caso.

Juro pra vocês que tem sido assim. E é melhor assim, garanto. Tenho que estar muito certa de que é o que quero, aí as coisas vão meio que se encaminhando, acontecendo de forma mais natural mesmo. Às vezes não é preciso nem fazer escolhas, mas simplesmente disponibilizar-se, ou não. Alguns comportamentos, a forma que as pessoas agem, reagem ou deixam de agir são muito, muito sutis… E é preciso de tempo e malícia pra ir entendendo as coisas, pois é bem difícil ter esse sei lá… feeling, acho. Esses (não)-comportamentos estão nas ausências de palavras e ações, não o contrário: por isso que não existem mais escolhas a serem feitas, e sim uma aceitação do que é pra ser, do que está ali. Acho que é por isso que ando enxergando as coisas com mais clareza ultimamente.

Oh, joy.
De uns dias pra cá muita coisa mudou. Terminei um namoro. Deletei um monte de gente da minha vida. Tudo sem um pingo de remorso. Quem me conhece sabe que nunca fui assim. Sempre dei segundas, terceiras e décimas chances pra todo mundo. Sempre compreendi os erros alheios. Chorei e sofri junto. E passei a mão da cabeça de quem fingia querer o meu bem. Estou mentindo? A verdade é que, se me analisarem hoje, eu virei outra pessoa. Sou quase a mesma de sempre, mas sinto que não sou mais boazinha. Minha tolerância acabou, minha intuição fareja à distância uma cabecinha ruim. Não aceito mais ser amiga de stalkers, de gente mal-resolvida e que me ferra pelas costas. Não tenho raiva de ninguém, mas minha prioridade agora é só uma: eu. Podem me chamar de egoísta, eu aceito. Mas chega uma hora na vida que a gente tem que parar de ser boa com os outros e ser boa - primeiramente - com a gente. Fiquei amarga? Não mesmo. Agora eu sou prática. Vacilou? A porta está aberta, meu bem. Sem dó nem piedade!

dias dos namorados.

Todo ano era a mesma coisa. Um saco ter de aturar esse dia completamente sozinha. Teve um ano que meu pai ficou com tanta dó de mim que me mandou um buquê. Quando eu era mais nova, colegas de classe me mandavam buquês como “admiradores secretos” só de zuação nessa data. Não fico triste por isso por que também já fiz isso com meninos malas, quando eu era menor. Aí também tinha o Valentine’ s Day, que é em fevereiro e tal, mas nem tinha tanta importância. Foda mesmo era encarar o 12 de junho sozinha. Mas encarei. Por seis anos.

Estava tão acostumada a ser tratada como lixo que simplesmente parei de dar importância pra data e pra qualquer coisa do tipo. Ok. Eu não dou importância pra data nenhuma mais por questão ideológica do que por qualquer outra coisa, mas… Sempre fui tratada com tanto desprezo e pouca importância pelas pessoas que amei, que acabei achando que era “normal” se esquecer de datas, e acabei banindo a idéia de que “gentilezas são legais” e coisas do tipo. A grosso modo: nenhum dos meus amantes nunca me mimou. “Benzinho”, “amorzinho”, “lindinha”. Não precisa ser um buquê de rosas. Nada disso. Basta uma rosa só.

Ontem foi engraçadinho. Ganhei uma rosa. Quase chorei. Meu último momento romântico com direito a rosas foi há uns dois ou três anos atrás e era uma outra fase, nada a ver com namoro, mas tudo a ver com um casal apaixonado e perdido: eu, ele e uma cidade. Ganhei uma rosa ontem, bem vermelha. Linda. Só não posso sentir o cheiro direito por causa da gripe maldita, mas isso é um detalhe. Eis que ele vira pra mim com um outro embrulho. E eu já tava achando a rosa e os carinhos o supra-sumo da mimação geral. Mas não tinha acabado. Aí ele me diz “Você vai ter que usar pra mim!”.. Quase morro do coração! Tava até com medo de abrir.

Vou abrindo o embrulho, devagar e tomo uma surpresa. Sei lá, foi um sentimento estranho mesmo, não consigo definir direito. Eu ganhei um mouse ótico do meu namorado. O cúmulo da nerdice, eu sei. Mas o pior foi que eu adorei! Amei mesmo. Nem meu pai tinha me dado um mouse ótico e agora pro meu trabalho isso vai ser mesmo uma mão na roda (estou usando ele agora mesmo). Mas não foi por isso que ele comprou esse presente tão específico pra mim. A coisa é que, eu instalei Diablo II – Lord Of Destruction no meu laptop, e ele tá doido pra jogar comigo. E, como eu tava sem mouse, eu ficava dando a desculpa, pra adiar a idéia do jogo e etc.

É. Acho que agora não tem mais desculpa. De qualquer forma, nunca é ruim estar com ele, em nenhum aspecto. Seja jogando, dormindo, ou fazendo qualquer outro tipo de coisa não-(re)produtiva. Haha.

Boa sorte e paciência aos que amam e são amados igualmente em retorno, hoje e sempre.
"Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis."
Te digo tranquilamente: tô nem aí. Não me importo, não faço questão de sua presença (muito menos de você). Que bom que me mostraste o que és antes mesmo de começar .. Pode sair com amigas, amigos, o raio que o parta, vá com Deus! Não vou fazer o menor esforço pra lhe agradar, imagine lhe prender. Good Luck!

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"Tô bem assim, bem indiferente. O coração, um cactos. Não me importo mais."

Tudo que eu queria te dizer, está dito.

"Rique,

há dois anos que eu pareço um disco riscado, repetindo sempre a mesma coisa, que eu gosto de você mas não gosto do seu esnobismo, gosto de você mas não gosto do seu jeito escorregadio, gosto de você mas não gosto da sua vaidade. Estou sempre falando as mesmas palavras, e a gente vai se desencontrando, se desentendendo, seja no silêncio ou na repetição, nunca se afastando realmente e também nunca juntos, uma lenga lenga que pode até parecer amor - eu acreditava que fosse amor, por isso passei esses dois anos controlando meu tom de voz, acendendo uma vela pra deus e outra pro diabo, querendo você perto e longe ao mesmo tempo, então repetia: gosto disso em você mas não gosto daquilo, sempre com medo de que você se irritasse de vez e fosse embora, mas com medo também que você ficasse e me fizesse sofrer mais e mais. Dois anos, Ricardo, pedindo pra você me deixar em paz e nas entrelinhas gritando: me ame, seu idiota! E você surdo, mudo, cego e burro, desperdiçando o que eu tenho de mais sagrado, de mais inteiro e mais honesto, você sempre foi covarde que eu sei. Covarde. É por isso essa carta agora, Ricardo, para mudar de tom e arriscar, vou dizer o que penso, mas agora sem contemporizar, não mais contrabalançando minha decepção com as coisas que eu gosto em você, vou te dizer apenas o que eu não gosto, e azar se isso nos separar de vez, já não há remendo possível de qualquer maneira.

Te acho não só covarde, como mascarado, ainda que bem disfarçado por trás da sua lábia e de suas inócuas intenções. Já era hora de você parar de blefar e investir em algo real, um sentimento que preencha a vida, você acha isso tão aprisionante? Pois prisioneiro você já é desta tua auto imagem que propaga para qualquer rabo de saia e que é falsa, incipiente, ridícula. O que adianta fazer as mulheres caírem aos teus pés por dois ou três meses, se depois elas descobrem o engodo e passam a desprezá-lo? Se você fosse orgulhoso mesmo, reduziria o número de vítimas e aumentaria o número de amigas. Porque se continuar sendo moleque vai morrer bem sozinho, ou com alguma namorada de ocasião, dessas que não vão lhe dar filhos nem justificar seus dias gastos. Você gasta seus dias com o supérfluo. E se acha tão profundo.

"Outra apaixonada", você deve estar pensando. Não negarei, sou mesmo apaixonada por você, mas menos, bem menos do que já fui, pois já consigo enxergar quem você é e quem você pensa que é, duas figuras bem distintas, pois você pensa que é especial, e não passa de uma caricatura de homem, de um disfarce bem feito, um boneco de cera daqueles que a gente diz, nossa, mas é igualzinho a um ser humano, só que olhando de perto a gente vê que a expressão não muda, o olhar não brilha, a pose é sempre a mesma.
Pobre você, don juanito, que teve mulheres bacanas na mão, não só eu, mas eu inclusive. Você que podia ter dado um basta nas suas pretensões e ter vivido um caso de amor igualzinho aos de seus amigos, bem demorado e bem curtido, mas ora, imagina, Ricardo Saraiva Paz Vieira, ilustre ninguém, não podia ser mais um, tinha que se destacar, e se destacou como um pretenso bom partido, enquanto não passava de um produto mal acabado de gente. Você prometia. Tinha, e tem, potencial. Só não sabe o que fazer quando chega a hora de se entregar, prefere escapulir feito um rato.

Rique, magoei você o suficiente para me odiar, para me chamar de maluca, para tripudiar sobre meu destempero? Não me importo, você pode estar menosprezando minhas palavras agora, mas elas vão entrar uma por uma na sua cabecinha, vão morar aí por alguns dias até que você consiga mais duas ou três trouxas que o distraiam e o façam esquecer de quem você realmente é, um arremedo de homem, um protótipo, um rascunho, isso, você é o rascunho do homem perfeito, um layout, fica sempre devendo a finalização, o mulherio paga e não te recebe, você deve achar isso muito divertido. Mas, escuta, o único palhaço aqui é você, porque no final das contas é você que resta sempre sozinho, sem uma história verdadeiramente bonita pra contar.
Hoje não tem quero e não quero, gosto e não gosto, acabaram-se os meus cuidados com você, o morde e assopra, você não merece meu carinho, meus elogios, meu apoio, nunca soubre retribuir nem agradecer, considera-se merecedor de todos os afetos, quem é você, um príncipe escondido nesse quarto e sala em que vive, dirigindo seu Corsa como se fosse uma nave espacial, olhe bem pra você, nem bonito você é, nem bonito.

É o homem que eu amo, e isso lhe deveria servir. Mas, se não serve, se você dispensa esse tipo de sentimento barato, fazer o quê?

Para mim é sofrimento localizado, e demorado, admito, mas não vai durar tanto quanto a sua catástrofe emocional, que é pra sempre.

Cecília"
"Não fale, não conte detalhes, não satisfaça a curiosidade alheia. A imaginação dos outros já é difamatória que chegue."
eu não sou galinha pra botar um ponto final, por isso estou parindo um ponto final, por isso dói tanto.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilarecerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.

Acesa, aceso

Na terra do coração passei o dia pensando - coração meu, meu coração. Pensei e pensei tanto que deixou de significar uma forma, um órgão, uma coisa. Ficou só com-cor, ação - repetido, invertido - ação, cor - sem sentido - couro, ação e não. Quis vê-lo, escapava. Batia e rebatia escondido no peito. Então fechei os olhos, viajei. E como quem gira um caleidoscópio, vi:
Meu coração é um sapo rajado, viscoso e cansado, à espera do beijo prometido capaz de transformá-lo em príncipe. Meu coração é um álbum de retratos tão antigos que suas faces mal se adivinham. Roídas de traça, amareladas de tempo, faces desfeitas, imóveis, cristalizadas em poses rígidas para o fotógrafo invisível. Este apertava os olhos quando sorria. Aquela tinha um jeito peculiar de inclinar a cabeça. Eu viro as folhas, o pó resta nos dedos, o vento sopra. Meu coração é um mendigo mais faminto da rua mais miserável. Meu coração é um ideograma desenhado a tinta lavável em papel de seda onde caiu uma gota d’água. Olhado assim, de cima, pode ser Wu Wang, a Inocência. Mas tão manchado que talvez seja Ming I, o Obscurecimento da Luz. Ou qualquer um, ou qualquer outro: indecifrável. Meu coração não tem forma, apenas som. Um noturno de Chopin (será o número 5?) em que Jim Morrison colocou uma letra falando em morte, desejo e desamparo, gravado por uma banda punk. Couro negro, prego e piano. Meu coração é um bordel gótico em cujos quartos prostituem-se ninfetas decaídas, cafetões sensuais, deusas lésbicas, anões tarados, michês baratos, centauros gays e virgens loucas de todos os sexos. Meu coração é um traço seco. Vertical, pós-moderno, coloridíssimo de neon, gravado em fundo preto. Puro artifício, definitivo. Meu coração é um entardecer de verão, numa cidadezinha à beira-mar. A brisa sopra, saiu a primeira estrela. Há moças na janela, rapazes pela praça, tules violetas sobre os montes onde o sol se p6os. A lua cheia brotou do mar. Os apaixonados suspiram. E se apaixonam ainda mais. Meu coração é um anjo de pedra de asa quebrada. Meu coração é um bar de uma única mesa, debruçado sobre a qual um único bêbado bebe um único copo de bourbon, contemplado por um único garçom. Ao fundo, Tom Waits geme um único verso arranhado. Rouco, louco.Meu coração é um sorvete colorido de todas as cores, é saboroso de todos os sabores. Quem dele provar, será feliz para sempre. Meu coração é uma sala inglesa com paredes cobertas por papel de florzinhas miúdas. Lareira acesa, poltronas fundas, macias, quadros com gramados verdes e casas pacíficas cobertas de hera. Sobre a renda branca da toalha de mesa, o chá repousa em porcelana da China. No livro aberto ao lado, alguém sublinhou um verso de Sylvia Plath: "Im too pure for you or anyone". Não há ninguém nessa sala de janelas fechadas. Meu coração é um filme noir projetado num cinema de quinta categoria. A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês. Meu coração é um deserto nuclear varrido por ventos radiativos. Meu coração é um cálice de cristal puríssimo transbordante de licor de strega. Flambado, dourado. Pode-se ter visões, anunciações, pressentimentos, ver rostos e paisagens dançando nessa chama azul de ouro. Meu coração é o laboratório de um cientista louco varrido, criando sem parar Frankensteins monstruosos que sempre acabam destruindo tudo. Meu coração é uma planta carnívora morta de fome. Meu coração é uma velha carpideira portuguesa, coberta de preto, cantando um fado lento e cheia de gemidos - ai de mim! ai, ai de mim! Meu coração é um poço de mel, no centro de um jardim encantado, alimentando beija-flores que, depois de prová-lo, transformam-se magicamente em cavalos brancos alados que voam para longe, em direção à estrela Veja. Levam junto quem me ama, me levam junto também.Faquir involuntário, cascata de champanha, púrpura rosa do Cairo, sapato de sola furada, verso de Mário Quintana, vitrina vazia, navalha afiada, figo maduro, papel crepom, cão uivando pra lua, ruína, simulacro, varinha de incenso.
Acesa, aceso - vasto, vivo: meu coração é teu.
As coisas tão bem, sim. Mas a rua ainda ta com aqueles buracos de sempre que semana passada furou o pneu do meu – nosso – carro. Não, não, claro que eu não esqueci de estudar pro concurso do final do ano. O cachorro ta bem, eu só acho que ele ta com saudade de você, mas que besteira, ele vai sobreviver. Ontem ele fez xixi na sua poltrona, é, minha poltrona, você tem razão. Mas é que ela ainda tem o seu cheiro, aparenta ser tão sua – como eu – é que as vezes esqueço que você não ta mais aqui. Que bobeira a minha. Sim, sim, é claro que eu tenho certeza que ta tudo ótimo. Eu? Sozinha? Não, meu pai vem sempre aqui me falar umas coisas. Minhas amigas também, e amigos. Não me leve a mal. Claro que não faço nada aqui, na nossa sala, no nosso quarto. Claro que não, eu juro. Eu sei, não é mais nosso, é meu, você já tem a sua própria sala e seu próprio quarto – e com certeza não vive só – não precisa me lembrar, já sei. As coisas vão bem, já disse. Bom, tirando toda a tua ausência tão presente em mim, na nossa casa, e na minha vida que ainda é sua e vai ser por um bom tempo, tirando todas as noites que eu não durmo esperando você chegar do trabalho, e nunca chega. Tirando o seu cachorro daqui também, porque na verdade eu nem gosto tanto dele como eu disse que gostava, é que você gostava mais do que eu, e isso é só mais uma coisa que me faz lembrar você. Fora todo esse caos que eu vivo ta tudo muito bem, obrigada.
As coisas tão bem, sim. Mas a rua ainda ta com aqueles buracos de sempre que semana passada furou o pneu do meu – nosso – carro. Não, não, claro que eu não esqueci de estudar pro concurso do final do ano. O cachorro ta bem, eu só acho que ele ta com saudade de você, mas que besteira, ele vai sobreviver. Ontem ele fez xixi na sua poltrona, é, minha poltrona, você tem razão. Mas é que ela ainda tem o seu cheiro, aparenta ser tão sua – como eu – é que as vezes esqueço que você não ta mais aqui. Que bobeira a minha. Sim, sim, é claro que eu tenho certeza que ta tudo ótimo. Eu? Sozinha? Não, meu pai vem sempre aqui me falar umas coisas. Minhas amigas também, e amigos. Não me leve a mal. Claro que não faço nada aqui, na nossa sala, no nosso quarto. Claro que não, eu juro. Eu sei, não é mais nosso, é meu, você já tem a sua própria sala e seu próprio quarto – e com certeza não vive só – não precisa me lembrar, já sei. As coisas vão bem, já disse. Bom, tirando toda a tua ausência tão presente em mim, na nossa casa, e na minha vida que ainda é sua e vai ser por um bom tempo, tirando todas as noites que eu não durmo esperando você chegar do trabalho, e nunca chega. Tirando o seu cachorro daqui também, porque na verdade eu nem gosto tanto dele como eu disse que gostava, é que você gostava mais do que eu, e isso é só mais uma coisa que me faz lembrar você. Fora todo esse caos que eu vivo ta tudo muito bem, obrigada.
Orkut, MSN, chats. me pergunto onde foi parar a única coisa que realmente importa e é de verdade nesta vida: a tal da química. Mas então onde, meu Deus? Onde vou encontrar gente interessante? O tempo está passando, meus ex já estão quase todos casados, minhas amigas já estão quase todas pensando no nome do bebê. E eu? Até quando vou continuar achando todo mundo idiota demais pra mim e me sentindo mais idiota de todos? Foi então que eu descobri. Ele está exatamente no mesmo lugar que eu agora, pensando as mesmas coisas, com preguiça de ir aos mesmos lugares furados e ver gente boba, com a mesma dúvida entre arriscar mais uma vez e voltar pra casa vazio ou continuar embaixo do edredom lendo mais algumas páginas do seu mundo perfeito. A verdade é que as pessoas de verdade estão em casa. Não é triste pensar que quanto mais interessante uma pessoa é, menor a chance de você vê-la andando por aí?

Repito sempre: sossega, sossega - o amor não é para o teu bico.

Você sempre me disse que sua maior mágoa era eu nunca ter escrito um texto sobre você. Nem que fosse te xingando, te expondo. Qualquer coisa. Você sempre foi o único homem que me amou. E eu nunca te escrevi nem uma frase num papelzinho amassado: "Você sempre foi o único amigo que entendeu essa minha vontade de abraçar o mundo quando chega a madrugada. E o único que sempre entendeu também, depois, eu dormir meio chorando porque é impossível abraçar sequer alguém, o que dirá o mundo". Outro dia eu encontrei um diário meu, de 99, e lá estava escrito “hoje eu larguei meu namorado sentado e dancei com ele no baile de formatura”. Ele, no caso, é você. Dei risada e lembrei que em todos esses anos, mesmo eu nunca tendo escrito nenhum texto para você, eu por diversas vezes larguei vários namorados meus, sentados, e dancei com você. Porque você é meu melhor companheiro de dança, mesmo sendo tímido e desajeitado. Depois encontrei uma foto em que você está com um daqueles óculos escuros espelhados de maconheiro. E eu de calça colorida daquelas “bailarina”. E nessa época você não gostava de mim porque eu era a bobinha da classe. Mas eu gostava de você porque você tinha pintas e eu achava isso super sexy. E eu me achei ridícula na foto mas senti uma coisa linda por dentro do peito. Aí lembrei que alguns anos depois, quando eu já não era mais a bobinha da classe e sim uma estagiária metida a esperta que só namorava figurões (uns babacas na verdade), você viu algum charme nisso e me roubou um beijo. Fingindo que ia desmaiar. Foi ridículo. Mas foi menos ridículo do que aquela vez, ainda na faculdade, que eu invadi seu carro e te agarrei a força. Você saiu cantando pneu e ficou quase dois anos sem falar comigo. Eu não sei porque exatamente você não mereceu um texto meu, quando me deu meu primeiro cd do Vinícius de Morais. Ou quando me deu aquele com historinhas de crianças para eu dormir feliz. Ou mesmo quando, já de saco cheio de eu ficar com você e com mais metade da cidade, você me deu aquele cartão postal da Amazônia com um tigre enrabando uma onça. Também não sei porque eu não escrevi um texto quando você apareceu naquela festa brega, me viu dançando no canto da mesa, e me disse a frase mais linda que eu já ouvi na minha vida “eu sei que você não gosta de mim, mas deixa eu te olhar mesmo assim”. Talvez eu devesse ter escrito um texto para você, quando eu te pedi a única coisa que não se pede a alguém que ama a gente “me faz companhia enquanto meu namorado está viajando?”. E você fez. E você me olhava de canto de olho, se perguntando porque raios fazia isso com você mesmo. Talvez porque mesmo sabendo que eu não amava você, você continuava querendo apenas me olhar. E eu me nutria disso. Me aproveitava. Sugava seu amor para sobreviver um pouco em meio a falta de amor que eu recebia de todas as outras pessoas que diziam estar comigo.
Depois você começou a namorar uma menina e deixou, finalmente, de gostar de mim. E eu podia ter escrito um texto para você. Claro que eu senti ciúmes e senti uma falta absurda de você. Mas ainda assim, eu deixei passar em branco. Nenhuma linha sequer sobre isso. Depois eu também podia ter escrito sobre aquele dia que você me xingou até desopilar todos os cantos do seu fígado. Eu fiquei numa tristeza sem fim. Depois pensei que a gente só odeia quem a gente ama. E fiquei feliz. Pode me xingar quanto você quiser desde que isso signifique que você ainda gosta um pouquinho de mim. Minhas piadas, meu jeito de falar, até meu jeito de dançar ou de andar. Tudo é você. Minha personalidade é você. Quando eu berro Strokes no carro ou quando eu faço uma amiga feliz com alguma ironia barata. Tudo é você. Quando eu coloco um brinco pequeno ao invés de um grande. Ou quando eu fico em casa feliz com as minhas coisinhas. Tudo é você. Eu sou mais você do que fui qualquer um que passou pela minha vida. E eu sempre amei infinitamente mais a sua companhia do que qualquer companhia do mundo, mesmo eu nunca tendo demonstrado isso. E, ainda assim, nunca, nunquinha, eu escrevi sequer uma palavra sobre você. Até hoje. Até essa manhã. Em que você, pela primeira vez, foi embora sem sentir nenhuma pena nisso. Foi a primeira vez, em todos esse anos, que você simplesmente foi embora. Como se eu fosse só mais uma coisa da sua vida cheia de coisas que não são ela. E que você usa para não sentir dor ou saudade. Foi a primeira vez que você deixou eu te olhar, mesmo você não gostando de mim. E foi por isso, porque você deixou de ser o menino que me amava e passou a ser só mais um que me usa, que você, assim como todos os outros, mereceu um texto meu.
Taí. Tá bom. O amor venceu. Você venceu. Venceu. Venceu. Venceu. E eu acabo de descobrir, simples assim, a única maneira de me livrar desse sentimento: aceitando ele, parando de querer ganhar dele. Te amo mesmo, talvez pra sempre. Mas nem por isso eu deixo de ser feliz ou viver minha vida. Foda-se esse amor. E foda-se você.
Não respondo teus e-mails, e quando respondo sou ríspido, distante, mantenho-me alheio: Faz de conta que eu te odeio. Te encho de palavras carinhosas, não economizo elogios, me surpreendo de tanto afeto que consigo inventar, sou uma atriz, sou do ramo: Faz de conta que eu te amo. Estou sempre olhando pro relógio, sempre enaltecendo os planos que eu tinha e que os outros boicotaram, sempre reclamando que os outros fazem tudo errado: Faz de conta que eu dou conta do recado. Debocho de festas e de roupas glamurosas, não entendo como é que alguém consegue dormir tarde todas as noites, convidados permanentes para baladas na área vip do inferno: Faz de conta que eu não quero ir. Choro ao assistir o telejornal, lamento a dor dos outros e passo noites em claro tentando entender corrupções, descasos, tudo o que demonstra o quanto foi desperdiçado meu voto: Faz de conta que eu me importo. Digo que perdôo, ofereço cafezinho, lembro dos bons momentos, digo que os ruins ficaram no passado, que já não lembro de nada, pessoas maduras sabem que toda mágoa é peso morto: Faz de conta que eu não sofro. Cito Aristóteles e Platão, aplaudo ferros retorcidos em galerias de arte, leio poesia concreta, compro telas abstratas, fico fascinada com um arranjo techno para uma música clássica e assisto sem legenda o mais recente filme romeno: Faz de conta que eu entendo. Tenho todos os ingredientes para um sanduíche inesquecível, a porta da geladeira está lotada de imãs de tele-entrega, mantenho um bar razoavelmente abastecido, um pouco de sal e pimenta na despensa e o fogão tem oito anos mas parece zerinho: Faz de conta que eu cozinho. Bem-vindo à Disney, o mundo da fantasia, qual é o seu papel? Você pode ser um fantasma que atravessa paredes, ser anão ou ser gigante, um menino prodígio que decorou bem o texto, a criança ingênua que confiou na bruxa, uma sex symbol a espera do seu cowboy: Faz de conta que não dói.

e eu vou vivendo presa nesse faz de conta.
Teve aquela cena também. De quando eu fui te dar tchau só com a manta branca e o cabelo todo bagunçado. E você olhou do elevador e me perguntou: não to esquecendo nada? E eu quis gritar: tá, tá esquecendo de mim. E você depois perguntou: não tem nada meu aí? E eu quis gritar: tem, tem eu. E cheirou meu travesseiro pra saber se ainda tinha seu cheiro, ou pra tentar lembrar meu cheiro porque ele ainda te deixa sem vontade de ir embora. Não me olha assim e diz que vai refazer o contrato, não faz o mundo inteiro brilhar mais porque você é bobo, não faz o mundo inteiro ficar pequeno só porque o seu chapéu é muito legal, não me deixa assim, deslizando pelas paredes do chuveiro de tanto rir porque seu cabelo fica ridículo molhado, não faz a piada do vampiro só porque você achou que eu estava em dias estranhos, não transforma assim o mundo em um lugar mais fácil e melhor de se viver, não faz eu ser assim tão absurdamente feliz só porque eu tenho certeza absoluta que nenhum segundo ao seu lado é por acaso, não me olha assim e diz que vai refazer o contrato. Adoro como o mundo fica coitado, fica quase, fica de mentira, quando não é você, porque esses coitados todos só serviram pra me lembrar o quão sagrado é abrir mão de evoluir só porque andar pra trás é poder cruzar com você de novo. Não é amor não, é mais que isso, é mais que amor. Porque pra te amar mais, eu tenho que te amar menos. Porque pra morrer de amor por você, eu tive que não morrer. Porque pra ter você por perto um pouco, eu tive que não querer mais ter você por perto pra sempre.
Minto pra mim mesma que não quero. Finjo que estou muito melhor sozinha, mas no fundo tudo o que eu mais desejo é estar apaixonada. Queria andar pelas nuvens, perder a noção do tempo, sorrir involuntariamente e ter aquele brilho especial no olhar. Só que meu coração está fechado, cansado de se machucar e já não se rende com tanta facilidade aos encantos do amor. Como eu gostaria de ter alguém pra dividir minhas conquistas, pra me oferecer o ombro quando preciso de ajuda. Alguém que me estimulasse a vencer desafios, me fizesse buscar ser melhor a cada dia apenas para que se orgulhasse de mim. Adoraria ter alguém que me envolvesse em seus braços, deitasse minha cabeça no seu peito e me fizesse sentir protegida. Ter a sensação de que as palavras são desnecessárias, de que basta estar ao lado, sentir a pele, o cheiro. No entanto, tenho este coraçãozinho que já está cansado de errar, de se decepcionar. Um coração que está vazio, que há tempos congelou porque tem medo de se entregar a novas aventuras, tem medo de se ferir mais uma vez. Como eu queria ter coragem de arriscar, de acompanhar a direção do vento sem medir as conseqüências. Gostaria de seguir meus sentimentos, ter persistência e não desistir no primeiro obstáculo ou fugir quando sinto que estou me apaixonando. Por que as coisas parecem nunca dar certo pra mim? Por que complicamos tanto algo que deveria ser tão fácil? Confesso que a possibilidade de ter perdido as esperanças de encontrar um amor verdadeiro me assusta bastante. Como eu queria ter alguém que me fizesse acreditar de novo.
Aquela menininha que você buscava no portão de casa pra conhecer o mundo, fez alguns passeios sem você, e adivinha só. Ela não vai mais te poupar de absolutamente nada. Pode vir você e quem mais achar que seus planos dão certo. As coisas mudaram meu grande amor, o sentimento é o mesmo, mas tá morando em um peito blindado agora.
Há quem me diga hoje que a nossa história acabou de um jeito errado, que nós daríamos um belo par de amantes, e mesmo com toda frustração de ter me humilhado tanto pra você, eu digo sem medo de errar mais um vez: A nossa história não acabou, ela só mudou seu rumo. Antes eramos dois estranhos querendo saber o que havia por trás do outro, depois que descobrimos percebemos que era bom demais pra ser verdade, e nessa hora alguém tinha que abandonar o navio, e esse alguém foi você. Não é de minha natureza desistir das coisas, então eu fiquei firme e forte na minha decisão de te ter, e enfrentei tempestades terríveis sozinha. Você já tinha desistido de nós mas não conseguia me dar adeus. Hoje, sentindo que você está forte o bastante para olhar pra trás e não sentir remorso algum, eu posso te dizer que fique tranquilo, pois chegou minha vez de abandonar o navio. E mesmo sem saber nadar, pra quem mergulhou de cabeça em você, cair em mar aberto vai ser moleza.
Você dormiu sem me dizer as coisas boas do seu dia, e eu saí sem te contar que o que importa nessa vida. É só deixar rolar e sempre.. No meu corpo ainda sinto o seu perfume, o resultado do nosso confronto. E se para os outros já não faz sentido, eu continuo tentando, insistindo.

A todos que não foram e nem ligaram.

Bom, você não foi. E não ligou. A mim, só restou lamentar a sua falta de educação. Imaginando motivos possiveis. Será que você não foi porque realmente não pôde ou simplismente não quis? Será que não ligou para não me magoar ou justamente o inverso disso? Estou confusa, claro. Achava que você iria. Tanto que eu aguardei a sua chegada por mais minutos do que deveria. Inventando desculpas esfarrapadas para mim mesma. O trânsito, O horário, a metereologia. Qualquer pneu furado serviria. E até o ultimo instante juro,achei que você chegaria a qualquer momento. Pedindo perdão pelo terrivel atraso. Perdão que você teria, junto com uma cara de quem está acostumada, e assim encerrariamos o assunto. Mas você não foi. Esperei outro tanto pelo seu telefonema. Com todas as esclarecedoras explicações. Para cada razão que houvesse, pensei numa excelente resposta. Para cada silêncio,num suspiro. Para cada sensatez de sua parte, numa loucura especifica da minha. Se você tivesse ligado do celular, eu seria fria. Se tivesse ligado do trabalho, seria levemente avoada. Se a ligação caisse, eu manteria a calma. Foram muitos dias nessa tortura, então entenda que percorri todas as rotas de fuga.Cheguei a procurar noticias suas pelos jornais, pois só um abituário justificaria tamanha demora em uma ligação. Enfim, por muito mais tempo do que desejaria, mantive na ponta da lingua tudo o que eu devia ter dizer: e tudo o que você merecia ouvir : e tudo. Mas você você não ligou. Mando esta carta, portanto, sem esperar resposta. Nem sequer espero mais por nada, em coisa alguma,nesta vida, para ser sincera. No que se refere a você, especialmente, porque o vazio do seu sumiço já me preenche : tenho nele um confortoque motivos não me trarão. Não me responda, então, mesmo que deseje. Não quero um retorno: quis,um dia, uma ida. Que não aconteceu, assim deixemos pra lá. Estaria, entretanto, mentindo se não dissesse que, aqui dentro, ainda corroi uma pequena curiosidade. Pois não é todo dia que uma pessoa não vai e não liga. é? As pessoas guardam esses grandes vacilos para momentos especiais, não guardam? Então eis minha unica curiosidade: você ás vezes pensa nisso, como eu penso? Com um suave aperto no coração? Ou será que você foi apenas um idiota que esqueceu de ir?
Alguma coisa em mim - e pode-se chamar isso de "amadurecimento" ou "encaretamento" ou até mesmo "desilusão" ou "emburrecimento" - simplesmente andou, entendeu?Desisti de achar que o príncipe vai achar o sapatinho(ou sapatão) que perdi nas escadarias.Não sinto mais impulsos amorosos.
Quem diria. Ontem mesmo, conversando com vários amigos, eles me disseram que eu não mais parecia comigo. Eu pareço eu sim, mas vou ganhando o mundo quando abro algumas brechas da minha prisão. E de brecha, vou me ganhando também. E quase vira o estômago mas sou tomada por uma fome boa que eu nem sei o nome. Talvez acreditar assim, sem medo, em algo descontrolado e de alguma forma justo, seja acreditar em Deus. Durmo em paz. Tudo na hora certa. As coisas são como são. E quando recebo suas mensagens de texto, ao longe, dizendo meio que genericamente que deseja tudo de bom e sente saudade, fico com vontade de perguntar se aquele recado chegou só pra mim ou foi disparado para toda lista do celular. Mas me recolho. Uma minúscula e ainda baixa “vozinha” me diz que além dos meus textos eu tenho também muitos charmes, graças e belezas. Além dos meus espinhos eu tenho também muitas flores. E que sim, eu posso ser amada. Porque não ter alguém agora, agarrado aos meus pés, não significa não ser um calo persistente até mesmo em solas curtidas e acostumadas com a corrida. Descubro coisas terríveis e maravilhosas a respeito do amor. As coisas são como são. E na hora certa.
Como diria Milan Kundera “o amor começa por uma metáfora. Ou melhor: o amor começa no instante em que uma mulher se inscreve com uma palavra em nossa memória poética”. Como diria João Guimarães “o que é doideira às vezes pode ser a razão mais certa e de mais juízo”. Como diria ou gritaria ou uivaria Robert Plant “Com apenas uma palavra ela consegue o que veio buscar.
 E ela está comprando uma escadaria para o paraíso”. As coisas são como são. Na hora certa. E foda-se.
Pra ser amor, tinha de haver bem mais compreensão. Tinha que ser maior do que a razão, ser imbatível como um vencedor. Se fosse amor, todo o universo ia conspirar. Dando um remédio para aliviar a dor. Pra ser amor, tinha que ser nós dois.
A vida é complicada porque nós mulheres romantizamos tudo, ou quase tudo, ou justamente o que não deveríamos, a gente faz planos mesmo em cima dos silêncios deles, a gente vê beleza em cada sumiço, a gente vê olhares de amor no mais puro olhar de tesão, nós temos a mente completamente diferente da deles. Não precisa procurar no meio da multidão, coisas acontecem quando você desiste de procura-lás, posso me aproximar sem invadir seu espaço, mas posso me aproximar tanto que seja impossivel de não o invadir. Não há como garantir que não possa me esforçar em ser interessante sendo que o que eu quero é ser o melhor que você merece. E de tudo que posso ser pra você eu só pediria que nunca fugisse de mim, nem mesmo quando por alguma razão eu deixasse a máscara cair, eu irei segurar sua mão como quem segura a mão de alguém que esteja pendurado sobre um barranco. E seguirei por dias, semanas, meses tentando tocar o seu coração até que um dia eu consiga. E de nenhuma forma te prender, mas sentir medo de te perder, e jamais te limitar, mas chorar quando decidir ir embora, e esperar suas mudanças naturalmente sem forçar você, roubar mil beijos seus quando você decidir ter alguma crise de raiva, tentar te acalmar e for incapaz de causar algum sofrimento a você. E eu não somente diria que canta mal como cantaria com você, provando assim que existem pessoas que cantam horrivelmente, e que você não é a única, mas a que eu estaria disposta a escutar, e quando você decidir falar demais, que eu debruce sua cabeça no meu ombro e escute tudo que tem a dizer, e quando for desastrado que haja fôlego para não morrermos de tanto rir. E que você sinta vontade de precisar de mim, mas não só quando houver necessidade, que você sinta isso mesmo tendo passado um dia inteiro comigo, que não veja e nem sinta as horas passando quando estiver ao meu lado, e que nunca seja o suficiente o tempo que passarmos juntos, que você sempre sinta vontade de mais, mais e mais. E que você suporte os meus defeitos e se sinta orgulhoso das minhas qualidades, e apesar de não ter uma beleza extrema, poder fazer com que você enxergue que gostar de alguém vai muito além de beleza fisica, e tentar também de algum jeito (infelizmente só tentar) fazer com que você não precise olhar em outras direções, porque seus olhos vão estar dentro dos meus. Eu quero sempre encontrar você, sejá lá aonde você estiver, e que eu consiga ser o seu perfeito, mesmo sendo imperfeito.
Engraçado como ainda te persigo em vozes, em perfumes, em musicas, como ainda te desejo em meu pensamento. É mais engraçado ainda, saber que você sabe de tudo, e mesmo assim o seu silêncio me machuca e é como se isso me fizesse continuar no seu belo caminho, mas sem chances de te encontrar.
Mas para não sentir dor eu vou jurar ao último ouvido do meu universo o quanto você é descartável. O quanto sua molecagem não permitiu nenhuma admiração de minha parte. Para não sofrer não vou permitir minha cabeça no travesseiro antes do cansaço profundo e sem cérebro. Não vou permitir admirar coisas da natureza porque talvez eu me lembre de você ao ver algo bonito.Não vou permitir silêncios porque é aí que o meu fundo transborda e a tristeza pode me tomar sem saída. Eu vou continuar deixando a minha cabeça me martelar porque toda essa confusão é ainda menos assustadora do que a calmaria da verdade.
O amor não existe, e, se existe não dura pra sempre. E, se não dura pra sempre, não é amor. E nada dura pra sempre. E então o amor não existe.
"Ele gostava tanto quando ela passava as mãos nos cabelos da nuca dele, aqueles meio crespos, e dizia 'bobo, você não passa de um menino bobo.'"

Lembro de você

Hoje eu só fecho os olhos e lembro de você me pedindo sem graça para eu não deixar ninguém ocupar o lugar da minha canga. Tudo o que eu mais queria, por trás de todos esses meus textos tão modernos, sarcásticos e malandros, era de alguém que me pedisse para guardar o lugar. Tá guardado. O da canga e de todo o resto. (...) Hoje, depois de muito tempo, eu acordei e não me olhei no espelho. Eu não precisei confirmar se eu era bonita. Eu acordei tendo certeza. Não tenha medo. Eu sou só uma menina boba com medo da vida. Mas hoje eu não tenho medo de nada, eu apenas fecho os olhos e lembro de você me dando aquela flor velha, fazendo piada ruim às sete da manhã, me lendo no escuro mesmo com dor de cabeça. Eu posso sentir isso de novo. Que bom. Achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou me sentindo uma idiota.
Ainda bem que existem pessoas para amar, abraçar, sorrir, cantar, escrever em recibos e tirar fotos bonitas. E a vida segue. Feliz. Sua imaginação te preenche, que essas pessoas te dão colo, vodka e dias incríveis.(..)

Somos um só coração sempre vivo na memória faz parte da minha história, nada vai nos separar. A amizade é tudo!
"Eu não estou mais no ramo do romance. A última vez foi o dia do pezinho. Mas foi só um breve momento. Muito breve. Não lembro mais como se faz isso. Nem sei mais se sinto falta. Vai acostumando. A solidão vira parte de você. Uma vez um amor (talvez o último, talvez o único) me disse que a solidão ia sufocar qualquer um que ele amasse. Era verdade. Um domingo à tarde ele deitou na sala da minha casa e eu senti aquele peso. Naquela época eu ainda não era assim. Eu acreditava. Acreditava nele deitado na sala da minha casa, lindo como sempre foi. Não entendi aquela inquietação e aquele peso. Era ela. Era a solidão. Me sufocando exatamente como ele tinha dito. Ele se foi. E a solidão ficou. Aquela maldita solidão era contagiosa e hoje eu que posso dizer: a minha solidão vai sufocar qualquer um que eu amar. Ontem eu saí. Sozinha. Fiquei bebendo sozinha até aparecer alguém. E mesmo quando apareceu, mesmo enquanto conversávamos, mesmo enquanto outras coisas aconteciam eu ainda me sentia sozinha. Essa solidão é como uma capa. Nada mais chega em mim. Eu posso até me entregar, posso até tirar a roupa, posso tentar, mas vou continuar sozinha. Não sei desde quando isso acontece. De repente era assim fazia tempo. Uma solidão crônica. Antes eu procurava alguém com quem não me sentisse sozinha. Era minha grande busca. Agora já não faz mais diferença. Acostuma como quem bebe demais se acostuma com a ressaca. Faz parte. Tenho outros tipos de amor. Tenho amor de muitos meninos. Mas não é romance, não tem manhãs, não tem mãozinha entrelaçada e pezinho roçando enroscado debaixo do lençol, não tem beijo e abraço, não tem cinema, não tem fazer nada juntos, não tem silêncios confortáveis e nem cabeça no colo. Nem lembro como é isso. Nem lembro da sensação. Acho que o romance morreu em mim. E eu nem notei."

A gente ta se perdendo todos os dias, pedindo pra pessoas erradas. Mas o negócio é procurar.

metameros

"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe?
O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez' "

Já faz tempo

"Faz tanto tempo isso. Eu já nem me lembro direito, ás vezes eu penso nisso tudo e chego a sentir um pouquinho daquela alegria. Mas aí tudo desaparece. E estou cansada. Eu acho que não consigo mais nem pensar. E tão difícil pensar. As coisas fogem da minha cabeça quando eu me esforço. E só fica o cansaço, o corpo doído, vontade de me atirar na cama e chorar. Eu não quero pensar mais nisso. Diga alguma coisa. Você acha ridículo tudo o que eu contei?"
"Sabe, você faz uma parte muito maior da minha vida do que eu faço na sua. Eu sempre soube disso, e nunca nem imaginei o contrário. Embora uma partezinha de mim sempre esperava que talvez, de vez em quando, ou até de vez em nunca você estivesse andando pela rua e lembrasse da minha existência sem motivos ou só porque queria me contar uma piada. E, eu penso em você assim, do nada, enquanto estou procurando um endereço no mapa, ou às vezes esperando a torrada ficar pronta. Inevitavelmente, surge um sorriso na minha cara quando isso acontece. E talvez por isso que eu tenha me conformado a fazer uma ínfima parte da sua vida, mesmo sabendo que você nunca quis, nem pediu, nem deixou com que eu tivesse um papel mais importante na tua. Só porque sim. Já passei muito tempo querendo que isso fosse diferente, mas na verdade, isso é culpa do orgulho. Maldito orgulho. Eu sei que só mereço mais. Eu sei que tem muita gente que me trata muito melhor, e que queria que eu gostasse deles tanto quanto eu gosto de você. Mas essas coisas a gente não controla. Por bem, ou por mal. Eu não consigo gostar menos, nem você consegue gostar mais. Antes achei que estivesse esperando. Esperando minha deixa, minha brecha pra aparecer e te mostrar que posso ser muito mais do que você imagina. Agora eu não estou mais esperando. Também não sai correndo, mas resolvi me ater a esperar coisas que sei que vão acontecer. Água ferve, eu espero. Ônibus vem, eu espero. Chuva pára, eu espero. Você me amar, não vai acontecer, não vou esperar. Afinal, a morte também vem, mas se eu não vou viver, é melhor já acabar com a espera e me matar. É sem rancor que desabafo assim, é sem amor que eu escolhi viver ultimamente. Eu consigo viver sem amor, e isso não e nada triste. Triste é o papel que eu me designei na vida durante os últimos anos, de ser the girl who lives on heaven hill. A garota que estará sempre te esperando. Se não você, outra pessoa. Por isso agora digo que pretendo esperar alguém que não me faça esperar. Pretendo chorar sim, por quem não me faça chorar. Pretendo amar so quem me dê a mínima atenção que a minha auto-estima e meu orgulho me dizem que eu mereço. Pretendo também me contradizer e errar muito. Afinal, erros são sempre divertidos. Mas você, querido, você nunca foi um erro. Você foi só uma decepção. Lembra que eu te disse que não sei lidar com pessoas, porque elas sempre me decepcionam? Então. Se não me entediam, me decepcionam. Pense que você pelo menos nunca, nunca, nunca me entediou. E isso é mais do que eu posso dizer sobre a maioria das pessoas. Espero que você continue não me entediando na sua presença esporadica aqui na minha vida. Espero que você algum dia encontre alguém que esteja disposta a te amar o tanto que eu poderia ter te amado, e mais do que tudo, realmente espero que você nunca mude. Você é especial, e eu também sou. E se algum dia você parar pra pensar em mim e sorrir, eu vou ficar extremamente feliz."
"Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez."

Amor não se pede

Se implorar resolvesse, não me importaria. De joelhos, no milho, em espinhos, agachada, com o cofrinho aparecendo. Uma loucura qualquer, se ajudasse, eu faria com o maior prazer. Do ridículo ao medo: pularia pelada de bungee jump. Chorar, se desse resultado, eu acabaria com a seca de qualquer Estado, de qualquer espírito. Mas amor não se pede, imagine só.
Ei, seu tonto, será que você não pode me olhar com olhos de devoção porque eu estou aqui quase esmagada com sua presença? Não, não dá pra dizer isso.
Ei, seu imbecil, será que você pode me abraçar como se estivéssemos caindo de uma ponte porque eu estou aqui sem chão com sua presença? Não, você não pode dizer isso. Ei, seu retardado, será que você pode me beijar como um beijo de final de filme porque eu estou aqui sem saliva, sem ar, sem vida com a sua presença? Definitivamente, não, melhor não. Amor não se pede, é uma pena. É uma pena correr com pulinhos enganados de felicidade e levar uma rasteira. É uma pena ter o coração inchado de amar sozinha, olhos inchados de amar sozinha. Um semblante altista de quem constrói sozinho sonhos. Mas você não pode, não, eu sei que dá vontade, mas não dá pra ligar pro desgraçado e dizer: ei, tô sofrendo aqui, vamos parar com essa estupidez de não me amar e vir logo resolver meu problema? Mas amor, minha querida, não se pede, dá raiva, eu sei. Raiva dele ter tirado o gosto do mousse de chocolate que você amava tanto. Raiva dele fazer você comer cinco mousses de chocolate seguidos pra ver se, em algum momento, o gosto volta. Raiva dele ter tirado as cores bonitas do mundo, a felicidade imensa em ver crianças sorrindo, a graça na bobeira de um cachorro querendo brincar. Ele roubou sua leveza mas, por alguma razão, você está vazia. Mas não dá, nem de brincadeira, pra você ligar pro cara e dizer: ei, a vida é curta pra sofrer, volta, volta, volta. Porque amor, meu amor, não se pede, é triste, eu sei bem. É triste ver o Sol e não vê-lo se irritar porque seus olhos são claros demais, são tristes as manhãs que prometem mais um dia sem ele, são tristes as noites que cumprem a promessa. É triste respirar sem sentir aquele cheiro que invade e você não olha de lado, aquele cheiro
que acalma a busca. É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. Tanto amor querendo fazer alguém feliz. Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto amargurado. É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer, implorar. Mas amor, você sabe, amor não se pede. Amor se declara: sabe de uma coisa?
Ele sabe, ele sabe.

Gilmar

São onze da noite e ele, o Gilmar, me liga dizendo que não aguenta mais ser ignorado. Ele me quer. Agora. E está na porta da minha casa. Eu corro para fechar os trincos. Não estou mais no meu apartamento. Estou na casa dos meus avós. Fecho o portão do meio. Não estou mais lá também, estou no primeiro apartamento que morei com meus pais. Corro pra fechar a porta da cozinha também. Espio pelo olho mágico e Gilmar está de gorro. Não dá pra ver. Ele está calmo. Não grita, não bate na porta, nem aparece pelo olho mágico. Nada. A luz do corredor nem acende porque ele não se mexe. Mas ele liga de novo e avisa “chega de ser ignorado, eu vou entrar”. Ligo pra minha mãe, mas não acerto o número. De jeito nenhum. Agora vou discar com calma. 3, 8, 6, 2…não tem jeito, erro de novo. O inconsciente deixa claro: dessa vez não vai dar pra correr pra mamãe. Tento o mundo então. Abro a janela do meu quarto, que era meu quarto quando eu era criança, e grito para uma mulher na rua. Socorro. Homem tentando…tentando. Na hora que vou dizer o que ele está tentando, minha voz some. A mulher até olhou pra cima, mas desistiu. Corro e pego um papel. Mas nenhuma caneta funciona. Com muito sacrifício escrevo “homem tenta invadir minha casa”. Com o azul bem clarinho de caneta no fim. Jogo o bolo de papel que cai na cabeça de um homem que segura um bebê. Ele lê e grita “não posso fazer nada, estou cuidando do meu filho agora”. Ninguém parece dar importância. É como se, ser estuprada, assaltada, desgraçada, fosse um problema cotidiano. E os outros seguem nas ruas. Está sol. Tudo é tão calmo. Mas eu, pra variar, estou em pânico. O dia calmo, o solzinho gelado de fim de tarde que nada promete, e eu com pânico. É assim sempre e isso cansa tanto. Procuro meu Lexapro. Tomo logo 20 mg, afinal, trata-se de um estranho tentando entrar no meu apartamento. Chego na sala mais calma e ele já entrou. Mesmo com todos os milhares de trincos do mundo. Está sentado com seu gorro num canto escuro da sala. Minha cachorra não se move. Ele a matou? Matou minha cachorra? Grito “Lolitaaaaaaa” e ela se move normalmente. Ela não tem medo do Gilmar. É como se ele já morasse aqui. Tem chave e o amor da cachorra. O Gilmar não é feio não. Estamos na praia agora e eu estou cheia de picadas de borrachudo. Minha mãe liga dizendo que gosta do Gilmar. Meu avô vai dar uma volta e me deixar sozinha com ele, moço bom. Meu pai foi super com sua cara e divide um licorzinho. Mas Gilmar? Eu reclamo com ele. Mas que nominho heim? Ele diz: foca no mar e esquece o Gil. Todo mundo tem um lado bonito. Eu gosto disso. De repente, o que que é isso? Gilmar me deita no sofá e arranca minha calça e faz comigo o melhor sexo da minha vida. Calmo, carinhoso, devagar, com beijo na boca e olho no olho. Gilmar é tímido demais prum louco que invadiu minha casa. Como todo mundo pode gostar dele se ele deveria estar preso? Por que estou transando sem camisinha com um degenerado estuprador? Por que estou gostando? Gilmar, esse remédio que eu tomo, o Lexapro, me tira a capacidade de gozar. É sério. Eu até sinto tesão e fico excitada e tal. Mas gozar, demora aí umas cinco horas. Mas ele não tem pressa. E eu acabo conseguindo. E eu acho que amo o Gilmar. O cara do gorro que cansou de ser ignorado e resolver arrombar minha vida. Acordo com a blusa molhada e salgada. Mar. Só vou te chamar assim agora. Focando na parte boa. Ainda é cedo e dá pra dormir mais um pouco. Mas antes diminuo uma volta das cinco que eu dou na chave tetra da porta.


Só preciso de alguns abraços queridos, a companhia suave, bate-papos que me façam sorrir, algum nível de embriaguez e a sincronicidade: eu e você.