Saudade faz o tempo parar. E não há distração que o faça passar. Saudade é vazio, é casa ecoando depois que todo mundo vai embora. Saudade é parecer que o mundo vai acabar. É ser dramático aos montes, despertar a novela mexicana que existe aí dentro. É comer a caixa de chocolates sozinho. É mandar todo mundo pra puta que pariu, achar qualquer musiquinha pop de rádio uma poesia ímpar, é ter vontade de ter um filho com qualquer otário que passe na rua. Saudade é foda.
Saudade é saudade. Sei lá, saudade. Saudade, sei lá.
"Saudade" nem existe no inglês. Diz-se: I miss you. Mas sentir falta é diferente. Sentir falta é mais controlado. Com a saudade, o buraco é mais embaixo.
Saudade é confundir o nome das pessoas, esquecer de desligar o forno, rolar de um lado pro outro na cama, ver a mesma pessoa no rosto de todos na rua. Saudade te tira do ar. Te liga no horário político: falando, falando, falando e não dizendo nada. Um zumbidinho lá no fundo da sala. Um incômodo persistente.
Saudade é o esperar eterno por algo que não volta. Ou volta. No segundo caso, é mais feliz. E aí então te faz preparar toda a casa pra quando essa saudadezinha filha da mãe finalmente for embora. Te faz jogar perfume pelos cantos, te faz até querer ser uma pessoa melhor. Coisa que você não é.
E quando a saudade acabar, você vai sentir saudade de sentir toda essa saudade.
Saudade é saudade. É a 7ª palavra de mais difícil tradução do mundo, e te faz perceber o quanto você gosta mais do estar perto do que o estar longe. Ou 1ª, sei lá.
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